Sonda de empresa americana pousa na Lua e transmite sinal
A nave espacial construída pela empresa americana Intuitive Machines pousou, nesta quinta-feira (22), na superfície lunar, tornando-se a primeira companhia privada a conseguir tal feito, que também é a primeira alunissagem americana em mais de 50 anos.
"Podemos confirmar sem dúvida alguma que nossa equipe está na superfície da Lua, e estamos transmitindo", declarou Tim Crain, da Intuitive Machines, durante a transmissão ao vivo em vídeo da empresa.
"Parabéns equipe da IM! Vamos ver o que mais podemos conseguir com isso", acrescentou.
O módulo de alunissagem Nova-C, que transporta experimentos científicos da Nasa, mede um pouco mais de quatro metros de altura. Decolou da Flórida na semana passada, e ontem entrou na órbita lunar.
Durante a descida, de aproximadamente uma hora, o aparelho utiliza câmeras e lasers para se orientar.
O motor também serve para freá-lo e prepará-lo para a descida final, que é vertical, a partir de uma altura de 30 metros. A partir daí, o módulo de alunissagem passa a ser completamente autônomo.
Nesse momento, uma pequena máquina equipada com câmeras, desenvolvida pela Universidade Aeronáutica Embry-Riddle, deixa o módulo de alunissagem para capturar o momento do pouso do lado de fora.
A operação bem-sucedida não marca apenas um feito importante para o setor espacial privado, já que é o primeiro pouso de uma sonda americana na Lua desde o encerramento do lendário programa Apollo em 1972.
Recentemente, Índia e Japão conseguiram pousar no satélite natural graças a suas agências espaciais nacionais, tornando-se o quarto e o quinto país, respectivamente, a consegui-lo, depois de União Soviética, Estados Unidos e China.
Mas diversas empresas privadas - israelenses, japonesas e americanas - tentaram o feito em vão. A Rússia também fracassou na tentativa de pousar uma nave no satélite natural em agosto do ano passado.
- Polo sul lunar -
O local de pouso escolhido pela companhia texana está localizado a aproximadamente 300 km do polo sul lunar.
A cratera designada para a alunissagem chama-se Malapert A, em homenagem a um astrônomo do século XVII.
O polo sul é de interesse especial porque contém água na forma de gelo, que poderia ser explorada.
A Nasa espera enviar astronautas à Lua partir de 2026 com as missões Artemis. Para prepará-las quer estudar essa região mais de perto.
Para isso, usa seu novo programa CLPS, que contratou empresas privadas para levarem seu material científico à Lua, em vez de desenvolver ela mesma os veículos para isso.
A Intuitive Machines é uma dessas empresas selecionadas. Seu contrato com a Nasa para esta primeira missão, denominada IM-1, chega a 118 milhões de dólares (R$ 583 milhões).
O objetivo é reduzir custos para a agência pública, mas continuar desenvolvendo a economia espacial. E isso apesar dos riscos.
Uma primeira missão, conduzida pela empresa americana Astrobotic, fracassou no mês passado.
- Sete dias ativos -
O módulo de alunissagem transporta seis cargas privadas (incluindo esculturas do artista contemporâneo Jeff Koons que representam as fases da Lua) e seis instrumentos científicos da Nasa.
Inclui ainda um sistema de câmeras localizadas abaixo do módulo para analisar a quantidade de poeira levantada durante a descida, a fim de compará-la com as alunissagens do programa Apollo.
Outro instrumento estudará o plasma lunar (uma camada de gás carregada eletricamente) e medirá ondas de rádio procedentes do Sol e de outros planetas.
O módulo de alunissagem, batizado de Qdysseus, funcionará com painéis solares. A previsão é que funcione por sete dias a partir do momento de pouso. Depois, ficará inoperante.
(L.Møller--DTZ)