Deutsche Tageszeitung - Cubanos protestam contra embargo americano diante da embaixada dos EUA em Havana

Cubanos protestam contra embargo americano diante da embaixada dos EUA em Havana


Cubanos protestam contra embargo americano diante da embaixada dos EUA em Havana
Cubanos protestam contra embargo americano diante da embaixada dos EUA em Havana / foto: © AFP

Centenas de milhares de cubanos, liderados pelo ex-presidente Raúl Castro e o atual Miguel Díaz-Canel, protestaram nesta sexta-feira (20) diante da embaixada dos Estados Unidos em Havana contra o bloqueio comercial de Washington, um mês antes do retorno de Donald Trump à Casa Branca.

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A "Marcha do povo combatente contra o bloqueio e a permanência de Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo" partiu da Tribuna Anti-imperialista, uma icônica esplanada em frente à embaixada dos Estados Unidos, situada na principal avenida à beira-mar da capita cubana, conhecida como Malecón.

"Marchamos já, para dizer ao governo dos Estados Unidos que deixem o povo cubano viver em paz. Abaixo a ingerência!", disse Díaz-Canel, ao se dirigir à multidão, que tremulava bandeiras cubanas.

Apesar dos seus 93 anos, o ex-presidente Raúl Castro, aposentado de maneira oficial em 2021, se manteve à frente da marcha, junto com o mandatário cubano.

"Derrubem o bloqueio" e "Não somos terroristas, tirem-nos da lista", entoavam os participantes.

"Precisamos que abram as portas para nós, para que possamos fazer comércio com todos os países", declarou à AFP Rogelio Savigne, de 55 anos e chefe de transporte em uma empresa estatal.

"Se não houvesse o bloqueio, a dificuldade que estamos passando não seria assim", considerou o aposentado Faustino Miranda (85).

Díaz-Canel denunciou que, "quando se perseguem e impedem transações financeiras [...], estão negando ao povo de Cuba alimentos, remédios, combustíveis, bens, suprimentos e mercadorias essenciais para a sobrevivência".

Durante o seu primeiro mandato (2017-2021), Trump, que toma posse em 20 de janeiro, interrompeu a histórica aproximação que ambos os países tinham iniciado em 2014 sob o governo de Barack Obama (2009-2017).

Trump aplicou 243 medidas que reforçaram o embargo, vigente desde 1962, incluída a reincorporação da ilha na lista americana de "países que patrocinam o terrorismo", junto com Irã e Coreia do Norte.

O democrata Joe Biden quase não aliviou essas sanções e manteve Cuba nessa lista, o que bloqueia fluxos financeiros e econômicos para a ilha.

Na manhã desta sexta, Díaz-Canel culpou no parlamento o embargo por 2024 "ter sido um dos anos mais difíceis" para Cuba.

Há quatro anos o país atravessa uma profunda crise econômica, a pior em três décadas, com falta de alimentos e remédios, apagões frequentes e uma onda de emigração sem precedentes.

Segundo as autoridades, cerca de 700 mil pessoas compareceram à manifestação em Havana, um dado que a AFP não pôde verificar de forma independente.

Mobilizações como esta foram iniciadas por Fidel Castro nos anos 1980 e têm sido organizadas em momentos de fortes tensões entre Havana e Washington.

(V.Sørensen--DTZ)