Kamala chega à fronteira com o México para falar sobre imigração
A vice-presidente americana, Kamala Harris, chegou nesta sexta-feira (27) à fronteira com o México, para falar sobre imigração, um tema usado por seu adversário, Donald Trump, como linha de ataque em sua disputa pela Casa Branca.
Em sua primeira viagem à fronteira durante a campanha eleitoral, Kamala desembarcou no Arizona, um dos estados-chave para as eleições de 5 de novembro. Ela fez uma visita não prevista à cerca que separa os Estados Unidos do México, onde caminhou com oficiais da patrulha, com quem conversou por alguns minutos. "Têm um trabalho duro e precisam de apoio. Estou aqui para conversar com eles sobre como podemos continuar oferecendo apoio."
Em discurso previsto para hoje na cidade de Douglas, Kamala deve equilibrar sua promessa de medidas de segurança mais severas no sul do país com o desenvolvimento de um sistema de imigração humanitário.
A democrata, 59, também insistirá na "falta de resposta de Donald Trump ao desafio [da migração] quando era presidente e em suas manobras recentes para torpedear soluções apoiadas pelos dois partidos" no Congresso. "O povo americano merece um presidente que se preocupe mais com a segurança fronteiriça do que com jogos políticos", dirá ela, segundo sua equipe de campanha.
Trump pressionou para que os congressistas republicanos bloqueassem um projeto de lei bipartidário que teria endurecido a política migratória americana.
- Segurança na fronteira -
O deputado republicano Tony Gonzales divulgou hoje números do Departamento de Segurança Nacional segundo os quais existem atualmente no país 425 mil estrangeiros sem cidadania americana e com antecedentes criminais, incluindo 13 mil condenados por homicídio.
Trump aproveitou o relatório para atacar a adversária, afirmando, sem provar, que se tratam de pessoas que cruzaram a fronteira ilegalmente nos últimos três anos, sob os mandatos de Biden e Kamala. "Estão andando por nossas ruas."
As estatísticas não detalham desde quando essas pessoas estão nos Estados Unidos. Segundo especialistas, poderiam se tratar de décadas. “São pessoas que, principalmente, já foram acusadas e condenadas e cumpriram sua pena”, disse à AFP Aaron Reichlin-Melnick, do Conselho de Imigração Americano.
Segundo Melnick, durante a presidência de Trump havia milhões de imigrantes sem cidadania vivendo nos Estados Unidos, entre eles milhares com antecedentes criminais. “O único motivo pelo qual eles não podem ser deportados é por problemas diplomáticos com seus países de origem, mas isso não tem nada a ver com as políticas do governo americano ou com suas práticas".
Kamala reduziu a vantagem eleitoral de Trump em assuntos migratórios, segundo pesquisas recentes, mas esse continua sendo um dos seus pontos fracos, devido ao aumento do número de cruzamentos de fronteira ilegais durante o governo democrata.
Trump atacou duramente duas vias criadas pelo governo do presidente Biden para os imigrantes que querem entrar no país: pedir entrevista mediante um aplicativo de celular (o CBP One) e um programa que permite a 30.000 cubanos, venezuelanos, haitianos e nicaraguenses chegarem aos Estados Unidos a cada mês se contarem com um patrocinador no país que cubra suas despesas.
"Kamala criou um programa completamente novo para trazer de avião os imigrantes de Venezuela, Haiti e Nicarágua, e os instalamos em comunidades americanas", particularmente em Pensilvânia, Wisconsin e Carolina do Norte, afirmou, citando três dos sete estados que provavelmente vão definir o resultado das eleições.
A retórica migratória do republicano não é nova, mas, nos últimos atos de campanha, apontou para medidas concretas, para diminuir a credibilidade de sua adversária em um campo em que ela tenta ganhar confiança.
(P.Hansen--DTZ)