Deutsche Tageszeitung - Putin declara conquista do Donbass ucraniano sua principal prioridade

Putin declara conquista do Donbass ucraniano sua principal prioridade


Putin declara conquista do Donbass ucraniano sua principal prioridade
Putin declara conquista do Donbass ucraniano sua principal prioridade / foto: © POOL/AFP

A conquista do Donbass, no leste da Ucrânia, é a "prioridade número um" da Rússia, disse o presidente russo, Vladimir Putin, nesta quinta-feira (5), ao destacar que seu Exército estava repelindo as forças ucranianas na região fronteiriça de Kursk.

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"O objetivo do inimigo [ao atacar a região russa de Kursk] era nos deixar nervosos e preocupados para redistribuir as nossas tropas de uma área para outra e parar a nossa ofensiva em áreas-chave, em particular no Donbass, cuja libertação é a nossa prioridade número um" , disse o chefe de Estado em um fórum econômico em Vladivostok, no Extremo Oriente russo.

Desde o outono de 2022, a Rússia reivindica a anexação das duas regiões do Donbass ucraniano, a de Luhansk, que ocupa quase inteiramente, e a de Donetsk, da qual ocupa uma parte.

Vladimir Putin estabeleceu como condição, antes de quaisquer negociações de paz, que Kiev se retirasse completamente destas duas áreas, além das regiões meridionais de Kherson e Zaporizhzhia, das quais ele também exige a anexação, apesar de controlá-las apenas parcialmente.

Uma exigência inaceitável para a Ucrânia e seus aliados ocidentais, que veem isso como uma capitulação de fato.

Apesar da falta de homens e armas, as forças ucranianas lançaram, no entanto, uma grande ofensiva na região fronteiriça russa de Kursk, em 6 de agosto, onde ocuparam centenas de quilômetros quadrados.

Um dos objetivos declarados de Kiev era forçar a Rússia a redistribuir as suas tropas presas no Donbass.

Moscou não adotou essa estratégia, mas continuou a avançar em direção a Petrovsk, na região de Donetsk, localidade fundamental para a logística das forças ucranianas nesta zona do país.

Nas últimas semanas, o Ministério da Defesa russo não parou de reivindicar a captura de novas localidades no leste da Ucrânia, a última delas Karlivka, na quarta-feira, a cerca de 30 km de Pokrovsk.

"[A tática ucraniana] funcionou? Não!", disse Putin. "Pelo contrário (...), o inimigo foi enfraquecido em pontos-chave e as nossas tropas aceleraram as operações ofensivas", congratulou-se o presidente.

Na região de Kursk, as forças russas "estabilizaram a situação e começaram a repelir progressivamente" o Exército ucraniano, disse o presidente russo.

Na região de Donetsk (leste), um homem de 74 anos foi morto em um ataque russo em Kostiantynivka, segundo o Ministério Público ucraniano.

Na região russa de Belgorod, um homem foi morto por bombardeios ucranianos, segundo o governador Viatcheslav Gladkov.

Além disso, as autoridades ucranianas cancelaram nesta quinta-feira um comboio de trens que deveria transportar pessoas que fugiam da cidade de Pokrovsk, no leste da Ucrânia, devido ao receio de um possível ataque russo.

- Abertos a negociar -

Sobre possíveis negociações de paz, Putin afirmou também nesta quinta-feira que está disposto a negociar com Kiev, se a Ucrânia o solicitar, depois de Moscou ter descartado fazê-lo por causa da ofensiva ucraniana em Kursk.

"Estamos prontos para negociar com eles? Nunca nos recusamos a fazê-lo", disse ele no fórum de Vladivostok.

"Se surgir um desejo de negociar" por parte da Ucrânia, "não o rejeitaremos", sublinhou, acrescentando que as negociações devem basear-se nas conclusões dos diálogos realizados na primavera de 2022, em Istambul.

Moscou afirma que naquele momento foi alcançado um compromisso, mas que as potências ocidentais forçaram Kiev a rejeitar o acordo. Os textos em questão nunca foram publicados e Kiev nega esta versão dos fatos.

Há meses a Rússia tenta apresentar a Ucrânia como a parte no conflito que não quer negociar.

Em junho, Putin disse que só acabaria com o conflito se a Ucrânia desistisse da sua ambição de um dia aderir à Otan e cedesse as regiões de Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk, assim como a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

(B.Izyumov--DTZ)