Ao menos 20 mortos em três dias de operações israelenses na Cisjordânia
Pelo menos 20 palestinos morreram em três dias de uma operação em grande escala lançada por Israel na Cisjordânia ocupada, informaram nesta sexta-feira (30) o Exército israelense e as autoridades do território, onde a violência aumentou desde o início da guerra em Gaza.
Na Faixa de Gaza, devastada por mais de dez meses de conflito entre Israel e o movimento islamista Hamas, a ONG americana Anera reportou que um bombardeio israelense matou na quinta-feira quatro palestinos que ajudavam um de seus comboios de alimentos e combustível a chegar a um hospital no sul do território.
A operação israelense na Cisjordânia, que começou na quarta-feira, "alimenta uma situação já explosiva" neste território ocupado por Israel desde 1967, advertiu a ONU.
A intervenção inclui bombardeios e incursões de comboios blindados em cidades como Jenin, Nablus, Tubas, Tulkarem, e em dois campos de refugiados.
Segundo o chanceler israelense, Israel Katz, o Exército busca "desmantelar as infraestruturas terroristas iraniano-islamistas" no território palestino, separado da Faixa de Gaza pelo território israelense.
O Exército israelense e o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina, que administra parcialmente a Cisjordânia, informaram 20 mortos palestinos na operação.
O Hamas e a Jihad Islâmica anunciaram que pelo menos 13 dos falecidos eram combatentes de seus braços armados.
O Exército israelense informou nesta sexta-feira que matou quatro combatentes do Hamas em um bombardeio em Jenin.
Testemunhas relataram nesta sexta-feira à AFP um bombardeio israelense contra um veículo em Zababdeh, ao sudeste de Jenin.
Um correspondente da AFP informou que fortes explosões foram registradas no campo de refugiados da cidade.
A operação na Cisjordânia acontece paralelamente à guerra contra o Hamas em Gaza, desencadeada pelo incursão de milicianos islamistas no sul de Israel em 7 de outubro.
- "Somos outra Gaza" -
"Qual é a diferença entre Gaza e nós?", perguntou-se Nayef Alaajmeh após a retirada do exército no campo de refugiados de Nur Shams na Cisjordânia. "Somos outra Gaza", afirma.
O Clube de Prisioneiros Palestinos afirmou que pelo menos 45 pessoas foram detidas na Cisjordânia desde quarta-feira. Um porta-voz militar israelense anunciou que "10 pessoas foram detidas".
O Reino Unido disse nesta sexta que está "profundamente preocupado com os métodos usados por Israel" e pelos relatos de civis mortos. A França denunciou que as operações "agravam o clima de instabilidade e violência inéditos" e a Espanha classificou a situação como "inaceitável".
Incursões militares israelenses são comuns na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967, mas é incomum que aconteçam simultaneamente em várias cidades.
A ONU anunciou na quarta-feira que pelo menos 637 palestinos morreram na Cisjordânia em ações do Exército israelense ou de colonos desde então.
Ao menos 19 israelenses, incluindo soldados, morreram em ataques palestinos ou em operações do Exército no mesmo período, segundo dados oficiais israelenses.
"Palestinos inocentes demais morreram", lamentou na quinta-feira a vice-presidente americana e candidata democrata à Casa Branca, Kamala Harris.
Contudo, em uma entrevista à CNN, Kamala disse que, se for eleita, continuará fornecendo armas a Israel, seu aliado.
- "Pausas" para vacinação em Gaza -
Um correspondente da AFP em Gaza relatou bombardeios israelenses no oeste da Cidade de Gaza nesta sexta-feira e uma fonte médica do hospital Nasser, no sul da Faixa, disse que pelo menos três pessoas morreram perto de Khan Yunis.
Os bombardeios israelenses também mataram duas pessoas no campo de refugiados de Jabaliya, no norte, informou a agência de Defesa Civil do território, governado pelo Hamas desde 2007.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que Israel aceitou uma "pausa humanitária" de pelo menos três dias em Gaza para a administração de vacinas contra a polio.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insistiu que a medida não equivale a um cessar-fogo.
O ataque do Hamas em 7 de outubro matou 1.199 pessoas, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados israelenses.
Os milicianos também sequestraram 251 pessoas, das quais 103 continuam em cativeiro em Gaza, incluindo 33 que os militares israelenses declararam mortas.
Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas e iniciou uma vasta ofensiva de represália, que já deixou 40.602 mortos em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde do território.
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(V.Korablyov--DTZ)