Extrema direita alemã busca vitória em duas eleições regionais
Duas regiões do leste da Alemanha realizam eleições locais no próximo domingo (1º), nas quais a extrema direita aspira a vitória e o partido social-democrata do chefe de Governo Olaf Scholz se prepara para um desastre.
A campanha eleitoral nas regiões da Saxônia e Turíngia foi abalada pelo triplo homicídio com faca na última sexta-feira (23) em Solingen, no oeste do país, em um ataque atribuído a um sírio e reivindicado pela organização jihadista Estado Islâmico.
O incidente trouxe à tona os debates sobre imigração e segurança e "terá inevitavelmente influência nas eleições", analisou o jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung.
O partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), já bem estabelecido nas regiões da antiga Alemanha Oriental desde sua fundação em 2013, busca a vitória em ambos os "landers".
Segundo as pesquisas, a sigla está cotada como vencedora na Turíngia, com 30% dos votos e quase 10 pontos à frente dos conservadores da CDU, o principal partido de oposição. Na Saxônia, ambos estão equilibrados.
Tradicionalmente fraco nestas regiões, o partido social-democrata de Scholz tem uma intenção de voto de quase 6%. Seus dois aliados na coalizão do governo, os Verdes e os liberais do FDP, são pouco expressivos.
Na vizinha Brandemburgo, região nos arredores de Berlim, as eleições locais estão marcadas para 22 de setembro e a AfD também lidera nas pesquisas.
Uma eventual vitória do partido de extrema direita seria a primeira em uma eleição regional.
Este resultado, no entanto, não garantiria à legenda assumir o governo dos estados, uma vez que as outras formações descartam colaborar com a AdD, mas confirmaria o movimento ascendente da extrema direita, que ingressou no Bundestag (Câmara Baixa do Parlamento alemão) em 2017, após a crise migratória que levou centenas de milhares de sírios e afegãos para a Alemanha.
Depois de alcançar o seu melhor resultado nas eleições para o Parlamento Europeu em junho, o partido procura agora capitalizar a indignação gerada pelo ataque em Solingen na semana passada.
"As fronteiras estão abertas. Todos podem entrar", disse Stefan Angelov, um oficial de segurança de 35 anos da cidade de Jena, na Turíngia, confirmando à AFP o seu voto na extrema direita "especialmente depois do ataque de Solingen".
No leste do país, o descontentamento contra o governo de Scholz prevalece, mas também em relação ao "governo anterior de Angela Merkel", diz Ursula Münch, diretora da Academia de Educação Política de Tutzing, perto de Munique, no sul.
Colhendo os frutos da insatisfação, o novo partido BSW, criado pela popular figura da extrema esquerda Sarah Wagenknecht, está crescendo nas pesquisas.
Categoricamente crítica ao envio de armas à Ucrânia, a sigla aparece com uma intenção de voto de 15 a 20% e poderá ter um papel de destaque na formação de governos locais em Brandemburgo, Turíngia e Saxônia, analisa Marianne Kneuer, professora de Ciências Políticas na Universidade Técnica de Dresden.
(P.Hansen--DTZ)