Milhares de opositores liderados por Machado reivindicam vitória eleitoral na Venezuela
A líder da oposição, María Corina Machado, reapareceu em público neste sábado (3), aplaudida por milhares de manifestantes que rejeitam a proclamação de Nicolás Maduro como presidente reeleito da Venezuela, em um dia em que o chavismo também convocou seus seguidores a marchar.
Em um caminhão e vestida com uma camiseta branca, Machado estava acompanhada por vários líderes da oposição, mas não pelo candidato Edmundo González Urrutia, que reivindica a vitória na eleição presidencial de 28 de julho.
Machado e González Urrutia, ameaçados e escondidos, haviam sido vistos em público pela última vez na terça-feira, em um comício em Caracas.
Os manifestantes começaram a se reunir na capital cerca de duas horas antes, em uma atmosfera de calma e sem grande mobilização das forças de segurança.
"Maduro é ilegítimo. Não somos terroristas, estamos lutando por nosso país, pela liberdade. Peço a Maduro que ouça a voz de nossos irmãos, de todos aqueles que morreram", disse Jezzy Ramos, uma chef de cozinha de 36 anos, casada e mãe de uma filha, na manifestação.
Maduro foi ratificado na sexta-feira pelo Conselho Nacional Eleitoral como presidente reeleito e acusa os líderes da oposição de tentar dar um golpe de Estado.
"Estou defendendo a democracia e o voto, porque elegemos um presidente, isso é óbvio, as atas estão publicamente na internet (...). O governo não reconhece que perdeu. É um autogolpe", disse Sonell Molina, 55 anos, mãe de dois filhos, que vivem no Peru.
Com onze civis mortos desde o início dos protestos espontâneos na segunda-feira em rejeição ao anúncio da reeleição de Maduro e mais de mil presos, os líderes da oposição limitaram suas aparições públicas nos últimos dias.
Na sexta-feira, o líder da oposição e jornalista Roland Carreño, que já havia ficado preso entre 2020 e 2023 por acusações de "terrorismo", foi detido novamente, conforme denunciado por seu partido Voluntad Popular, de Juan Guaidó e Leopoldo López.
De acordo com a promotoria, um militar também foi morto durante os protestos.
- "Gesto incomum" -
O Conselho Nacional Eleitoral ratificou a vitória de Maduro com 52% dos votos, à frente dos 43% atribuídos a González Urrutia, a quem o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, expressou apoio.
Maduro acusou os EUA de intervencionismo. "Ele se desespera em um gesto incomum na diplomacia dos EUA e sai para dizer que eles têm os resultados (...). O que eles têm é a armadilha que tentaram impor", disse ele, referindo-se a Blinken.
"Houve vários apelos e gritos de fraude vindos desse setor da direita radical, criminosa e violenta da Venezuela", disse Maduro em uma coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros. "Eles não querem reconhecer os mecanismos nacionais e soberanos da Venezuela, só querem manter o show da farsa.
O chavismo marchará à tarde pelo centro de Caracas, no que Maduro já anunciou como "a mãe" das manifestações.
Uma caravana de motociclistas apoiando Maduro saiu pelas ruas do centro.
A oposição diz ter provas de fraude e apresenta um site com cópias de mais de 80% dos registros de votação em sua posse. O chavismo rejeita essa afirmação e alega que os documentos são falsos.
"Temos que continuar avançando para afirmar a verdade. Temos as provas e o mundo já as reconhece", declarou Machado em X.
De acordo com a oposição, González Urrutia recebeu 67% dos votos.
- Reconhecimento e diligências -
Na sexta-feira, em poucas horas, cinco países latino-americanos - Argentina, Uruguai, Equador, Costa Rica e Panamá - reconheceram a vitória de González Urrutia. O Peru havia sido o primeiro na terça-feira.
Maduro, por sua vez, agradeceu aos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Colômbia, Gustavo Petro; e do México, Andrés Manuel López Obrador, por seus esforços para chegar a um acordo político na Venezuela.
"O presidente Lula, o presidente Petro e o presidente López Obrador estão trabalhando juntos para garantir que a Venezuela seja respeitada, para que os Estados Unidos não façam o que estão fazendo", disse o líder socialista.
Entre os países que reconhecem Maduro estão Nicarágua, Rússia e Irã.
(A.Nikiforov--DTZ)