Deutsche Tageszeitung - Venezuela ratifica vitória de Maduro na véspera de novos protestos da oposição

Venezuela ratifica vitória de Maduro na véspera de novos protestos da oposição


Venezuela ratifica vitória de Maduro na véspera de novos protestos da oposição

A autoridade eleitoral da Venezuela confirmou nesta sexta-feira (02) a vitória do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho, que a oposição denunciou como uma fraude, na véspera de novas manifestações do chavismo e de seus adversários.

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Após a ratificação, Maduro denunciou o que chamou de "golpe de Estado" apoiado pelos Estados Unidos, após o respaldo do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, ao candidato opositor Edmundo González Uruttia, que afirma ter vencido as eleições.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a Maduro 6,4 milhões de votos (52%), contra 5,3 milhões de González (43%), representante da líder opositora Maria Corina Machado, que foi inabilitada.

O resultado sela o triunfo anunciado no domingo para um terceiro mandato de seis anos para o presidente esquerdista, embora, seguindo a linha de Washington, outros países como Argentina, Uruguai, Equador, Costa Rica, Peru e Panamá não o reconheçam.

"Os chamados e gritos de fraude por parte desse setor da direita, radical, criminosa e violenta da Venezuela foram múltiplos", disse Maduro em uma coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros. "Eles não querem reconhecer os mecanismos nacionais e soberanos da Venezuela, apenas querem manter o show da farsa".

A oposição afirma ter provas de fraude, com um site contendo cópias de 84% das atas de votação em seu poder. O chavismo afirma que os documentos são forjados.

Maduro criticou Blinken: "Ele se desespera, em um gesto incomum na diplomacia americana, e sai dizendo que eles têm os resultados. O que tem é a armadilha que tentaram impor."

- Passeatas -

Maduro, no poder desde 2013, convocou para amanhã o que chamou de "a mãe de todas as marchas", para celebrar os resultados. A oposição também convocou manifestações em todo o país, embora haja temor entre seus partidários depois que os protestos, que começaram na segunda-feira, resultaram em 11 mortes, segundo organizações de direitos humanos, e mais de 1.000 detidos.

"Precisamos continuar avançando para fazer valer a verdade. Temos as provas e o mundo já as reconhece", afirmou Machado na rede X, dizendo ter passado para a clandestinidade por temer por sua vida.

Não está claro se González está em um local seguro como Machado. Sua última aparição pública foi junto com a dirigente na terça-feira, em uma concentração em Caracas que reuniu milhares de pessoas.

Maduro denunciou que "criminosos", que vincula à oposição, planejam "um atentado" para este sábado nas proximidades do bairro de Caracas onde Machado convocou uma manifestação, e ordenou que as forças de segurança protejam "as áreas que estão sob ameaça".

- 'Transparência' -

Maduro e outros candidatos à Presidência compareceram nesta sexta-feira à sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que os convocou após o presidente apresentar um recurso legal para pedir que a corte "certifique" a sua reeleição.

Nesse ato, vários candidatos pediram a publicação detalhada dos resultados, que o CNE ainda não divulgou alegando que seu sistema foi hackeado na noite da votação.

González, que tinha uma cadeira reservada à direita de Maduro, não compareceu. “Existem razões jurídicas conclusivas sobre a necessidade de salvaguardar as competências constitucionais do CNE”, explicou o opositor. “É dever do CNE garantir a transparência (…) sem omissão da sua parte e, eventualmente, uma usurpação de funções por outro órgão do Estado”, publicou nas redes sociais.

A oposição rejeita a competência do TSJ para validar os resultados. Na última quarta-feira, Maduro disse que tanto seu adversário quanto Machado deveriam estar "atrás das grades".

O partido Vente Venezuela, de Machado, denunciou também nesta sexta que sua sede em Caracas foi vandalizada na noite anterior por seis homens armados não identificados.

"Continuamos firmes e vamos às ruas", disse a dirigente Delsa Solórzano em coletiva de imprensa. "Maria Corina está bem, já a viram convocando a atividade de amanhã (sábado), ela estará conosco".

(B.Izyumov--DTZ)