Deutsche Tageszeitung - Milhares de presos políticos na Turquia de Erdogan

Milhares de presos políticos na Turquia de Erdogan


Milhares de presos políticos na Turquia de Erdogan
Milhares de presos políticos na Turquia de Erdogan / foto: © AFP

Dezenas de milhares de opositores, funcionários, magistrados, intelectuais, estudantes universitários e artistas foram demitidos, presos ou forçados ao exílio desde que Recep Tayyip Erdogan, reeleito no domingo (28), começou a governar a Turquia.

Alterar tamanho do texto:

Essa repressão, denunciada por organizações de defesa dos direitos humanos e por advogados, começou após a onda de protestos ocorridos em "Gezi", um parque urbano de Istambul, em maio de 2013, e se intensificou após a sangrenta tentativa de golpe de Estado em 2016.

Em nenhum momento durante sua campanha, ou após a vitória, Erdogan sugeriu qualquer tipo de anistia a seu favor.

Estas são algumas das figuras cujos defensores pedem a libertação.

-- Osman Kavala e Gezi --

Osman Kavala, um filantropo de 65 anos e prisioneiro desde 2017, foi condenado à prisão perpétua.

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos considerou, em 2019, que a detenção deste editor e empresário tinha como objetivo "silenciá-lo" e "dissuadir outros defensores dos direitos humanos".

Osman Kavala teve sua sentença mantida em apelação em dezembro de 2022, acusado de ter "tentado derrubar o governo" de Erdogan e financiar o "movimento de Gezi".

Os juízes confirmaram as sentenças de 18 anos de prisão que foram anunciadas no final de abril em primeira instância a seus sete co-réus. Entre eles está Tayfun Kahraman, urbanista da prefeitura de Istambul e de muitos arquitetos.

Após o "movimento Gezi" também foram condenados a produtora Cigdem Mater, o pesquisador Hakan Altinay e o advogado Can Atalay, que acaba de ser eleito deputado, embora esteja preso, e que poderá ser libertado em breve.

-- Selahattin Demirtas e opositores --

O governo abriu negociações anos atrás com vistas a um acordo de paz com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Após seu fracasso em 2015, o conflito armado recomeçou e a repressão também.

Figura-chave do principal partido pró-curdo HDP da Turquia, Selahattin Demirtas está preso desde o final de 2016 por "propaganda terrorista".

Ele é acusado de várias dezenas de crimes e ofensas, incluindo insultar o presidente e se relacionar com o PKK, um partido classificado como "terrorista" pela Turquia e por seus aliados internacionais ocidentais. Demirtas pode ser condenado a 142 anos de prisão.

Ele sempre negou essas acusações e o Conselho da Europa exige sua libertação, de acordo com a decisão do Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

O HDP também pede a libertação de Gulten Kisanak e Selcuk Mizrakli, ambos ex-prefeitos de Diyarbakir (sudeste) e a de Figen, ex-co-presidente do partido.

Outro grande opositor é o prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, que tirou o governo local do partido do presidente em 2019 e era visto como um potencial rival de Erdogan nas eleições presidenciais.

Ele foi condenado em dezembro de 2022 a dois anos e sete meses de prisão e à privação de seus direitos políticos por "insultar" membros do colégio eleitoral. Imamoglu apelou, mas não conseguiu apresentar sua candidatura.

-- Escritores, jornalistas e universitários --

Os detratores do chefe de Estado preocupam-se com o futuro da liberdade de expressão e de imprensa, já restringidas.

O delito de "insultar o presidente" foi usado com frequência, levando a 16.753 indiciamentos em 2022.

Segundo Repórteres Sem Fronteiras, 38 jornalistas estão presos e dezenas tiveram que ir para o exterior, como Can Dündar.

Mais de mil universitários foram alvo do expurgo em 2016 por assinarem uma petição a favor da paz, que denunciava a retomada do conflito entre o governo turco e o PKK.

(P.Tomczyk--DTZ)