Deutsche Tageszeitung - Sônia Guajajara considera 'retrocesso' retirada de atribuições de ministérios

Sônia Guajajara considera 'retrocesso' retirada de atribuições de ministérios


Sônia Guajajara considera 'retrocesso' retirada de atribuições de ministérios
Sônia Guajajara considera 'retrocesso' retirada de atribuições de ministérios / foto: © AFP/Arquivos

A reestruturação dos ministérios do governo Lula, que está sendo discutida no Congresso, ameaça retirar das pastas dos Povos Indígenas e do Meio Ambiente atribuições importantes para cumprir as metas climáticas do presidente, alertaram suas titulares nesta quarta-feira (24).

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"Um grande retrocesso, é tirar os povos indígenas do protagonismo e vai totalmente na contramão do que o presidente Lula está defendendo que é reconhecer, valorizar e garantir a participação dos povos indígenas também nos espaços de tomada de decisão", disse a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, em entrevista por telefone à AFP.

A pasta inédita foi criada por Lula ao assumir a Presidência, em 1° de janeiro, e recebeu a atribuição de demarcar territórios indígenas protegidos por lei.

A iniciativa foi elogiada por ambientalistas que consideram estes territórios uma importante ferramenta na luta contra o desmatamento e as mudanças climáticas.

Porém, a reestruturação depende da aprovação do Congresso, já que se trata de uma medida provisória, enviada pelo presidente para análise do Legislativo.

Apesar das alianças com alguns grupos de centro-direita, o governo Lula não tem maioria garantida em todos os temas.

A comissão mista do Congresso que discutia a MP, formada por deputados e senadores, aprovou um parecer nesta quarta-feira com alterações importantes nos ministérios, por 15 votos a 3. Agora, o texto segue para o plenário das duas casas, onde deverá ser aprovado até a próxima semana, já que a MP perderá validade em 1º de junho.

O relator da medida, deputado Isnaldo Bulhões, do MBD-AL (aliado do governo), fez alterações no texto e propôs que a demarcação de terras fique a cargo do Ministério da Justiça. Também prevê modificações nas atribuições do Ministério do Meio Ambiente, retirando de sua responsabilidade a gestão do Cadastro Ambiental Rural e das águas.

Para Guajajara, as mudanças buscam satisfazer a "bancada ruralista" do Congresso, associada à agroindústria, setor acusado de promover a ocupação de terras indígenas.

"Vai enfraquecer" a imagem internacional do Brasil, alertou.

"O mundo está esperando essa mudança de posição de governo na questão ambiental e climática e a criação do ministério foi uma sinalização dessa mudança [...] Se você esvazia o ministério da principal pasta, com certeza é um prejuízo também para o governo e para o Brasil no cenário internacional", acrescentou.

"Isso pode criar gravíssimos prejuízos aos interesses econômicos, sociais e ambientais do nosso país", destacou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em suas redes sociais.

(G.Khurtin--DTZ)