G7: novas sanções americanas contra 'máquina de guerra' russa
Novas sanções dos Estados Unidos contra a "máquina de guerra" russa foram anunciadas, nesta sexta-feira (19), como parte de um aumento da pressão sobre Moscou pelo G7, informou uma autoridade da Casa Branca, pouco antes do início de uma reunião do grupo no Japão, que contará com a presença do presidente Joe Biden.
Todos os Estados que integram o G7, cujos líderes participarão de uma reunião de cúpula na cidade de Hiroshima, preparam novas medidas, e os Estados Unidos contribuem com um pacote de sanções que "tornarão ainda mais difícil para a Rússia alimentar sua máquina de guerra", afirmou a fonte. As medidas americanas visam a "restringir significativamente o acesso da Rússia aos produtos necessários à sua capacidade de combate", destacou.
Os Estados Unidos irão proibir, concretamente, as exportações americanas para 70 entidades na Rússia e em outros países. Também irão aplicar 300 sanções contra diversos alvos, "pessoas, organizações, embarcações e aviões", na Europa, Ásia e no Oriente Médio.
Os países ocidentais adotaram uma série de sanções sem precedentes contra a Rússia desde a invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022, com o objetivo de afetar economicamente aquele país, ao reduzir a receita gerada pelo petróleo e desorganizar sua indústria de defesa. Sua preocupação, agora, é impedir que a Rússia evite as sanções, e as medidas americanas mais recentes também têm como objetivo diminuir as chances de que isto ocorra.
Os Estados Unidos buscam "pressionar o setor financeiro russo e a capacidade russa de produção de energia a médio e longo prazos", ressaltou a fonte da Casa Branca. Trata-se, também, de "manter o congelamento dos ativos soberanos" russos.
- Chegada dos líderes -
Os líderes do G7 começaram a desembarcar no Japão nesta quinta-feira (18) para a reunião de cúpula em Hiroshima, que pretende debater sanções mais severas contra a Rússia e avaliar medidas de proteção diante da "coerção econômica" da China.
Na reunião de cúpula desta sexta-feira, os líderes tentarão estabelecer uma frente unida diante da Rússia e China. Também irão discutir outras questões urgentes, mas que não geram consenso no grupo.
A reunião contará com a presença de representantes da União Europeia (UE). Além de Lula, o Japão também convidou os governantes de Índia e Indonésia, entre outros países, para tentar uma aproximação do G7 com os países em desenvolvimento nos quais a China faz grandes investimentos.
O Brasil retorna a um encontro do G7 depois de 14 anos. A última vez havia sido com o próprio petista, em 2009.
De acordo com agenda divulgada pelo Palácio do Planalto, Lula terá sessões de trabalho com os líderes dos países presentes na cúpula e também manterá um agenda intensa de encontros bilaterais nos três dias do evento com o presidente francês, Emmanuel Macron, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o premier japonês.
Paralelamente à reunião de cúpula, Lula também se reunirá com empresários e banqueiros japoneses.
O presidente americano, Joe Biden, desembarcou em Hiroshima nesta quinta-feira e se tornou o segundo chefe de Estado do país, depois de Barack Obama, a visitar a cidade que foi destruída por uma bomba atômica lançada pelos americanos em 1945.
"Nós defendemos valores compartilhados, incluindo o apoio ao povo da Ucrânia que defende seu território soberano e responsabilizar a Rússia por sua agressão brutal", disse Biden durante uma reunião com Kishida.
Os Estados Unidos e seus aliados enviaram armas à Ucrânia para fortalecer a defesa do país, mas a aguardada contraofensiva das tropas de Kiev não foi concretizada até o momento. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deve discursar por videoconferência.
O chefe de governo da Alemanha, Olaf Scholz, disse que o tema é evitar que as sanções sejam contornadas. Já um funcionário da UE informou que será discutido um bloqueio à exportação de diamantes russos, um comércio que somou US$ 5 bilhões (R$ 25 bilhões) em 2021.
- Sombra nuclear -
As ameaças reiteradas de Putin de usar armas nucleares foram condenadas pelo G7 e minimizadas por alguns analistas, que consideram o discurso uma tentativa de minar o apoio internacional à Ucrânia.
A visita dos líderes ao Parque Memorial da Paz de Hiroshima na sexta-feira destacará o tema: o local é uma recordação do ataque com uma bomba nuclear de 1945, que destruiu a cidade e matou quase 140.000 pessoas.
Espera-se que as conversas sobre a China se concentrem nos esforços para proteger as economias do G7 mediante uma diversificação das redes de abastecimento e dos mercados.
Em suas disputas com países como Austrália e Canadá, o presidente chinês, Xi Jinping, mostrou-se disposto a bloquear ou desacelerar o comércio e a estabelecer a cobrança de tarifas sem anúncio prévio e sem apresentar explicações.
Os Estados Unidos adotaram uma postura agressiva ao bloquearem o acesso da China aos semicondutores mais avançados. Mas os países europeus, em particular Alemanha e França, querem assegurar que as medidas não impliquem o rompimento dos vínculos com a China, um dos maiores mercados do mundo.
(N.Loginovsky--DTZ)