Petrobras deixa de alinhar preços com mercado internacional após promessa de Lula
A Petrobras anunciou, nesta terça-feira (16), o fim de sua política de preços ligados às cotações internacionais para a gasolina e o diesel, em linha com a intenção do presidente de esquerda Luiz Inácio Lula Da Silva de evitar prejuízos aos consumidores.
"O anúncio encerra a subordinação obrigatória ao preço de paridade de importação, mantendo o alinhamento aos preços competitivos por polo de venda, tendo em vista a melhor alternativa acessível aos clientes", explicou uma nota divulgada pela empresa.
Em sua campanha presidencial em 2022, Lula prometeu "abrasileirar" os preços da Petrobras, dependentes de uma política que, segundo o líder de esquerda, buscava agradar aos acionistas em detrimento dos brasileiros.
Em janeiro, após sua posse, Lula designou o ex-senador Jean Paul Prates, homem de sua confiança, como novo presidente da companhia com a aprovação da direção.
"Com essa estratégia comercial, a Petrobras vai ser mais eficiente e competitiva", indicou Prates na nota.
"Vamos continuar seguindo as referências de mercado, sem abdicar das vantagens competitivas de ser uma empresa com grande capacidade de produção e estrutura de escoamento e transporte em todo o país", afirmou.
Após o anúncio, as ações ordinárias (PETR3) da companhia subiam 2,03% no início da sessão da Bolsa de São Paulo.
A política implementada pela Petrobras desde 2016 consistia na paridade de preços do petróleo e combustíveis derivados com o mercado internacional e a evolução do dólar.
"Os reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio", indicou a nota.
A alta de preços dos últimos tempos, devido a fatores como a guerra na Ucrânia, converteu a petroleira em alvo de críticas durante o governo do político extrema direita Jair Bolsonaro, que chegou a dizer que os lucros da companhia eram fruto de um "estupro".
Sob seu governo (2019-2022), a Petrobras teve quatro presidentes, em meio aos protestos de Bolsonaro pelos aumentos baseados na política de preços vigente.
Na última quinta-feira, a Petrobras registrou lucros de 7,34 bilhões de dólares no primeiro trimestre de 2023 (cerca de 36 bilhões de reais na cotação atual), que representaram uma queda de 14,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em 2022, a petroleira obteve lucros recordes de pelo menos 36 bilhões de dólares (cerca de 176 bilhões de reais na cotação atual), beneficiada pelo aumento global dos preços de petróleo.
(G.Khurtin--DTZ)