Petro pede ao ELN 'seriedade' para cessar-fogo regional na Colômbia
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, propôs no sábado (13) aos guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) trabalhar "seriamente" em um cessar-fogo que pode começar como regional, na ausência de um acordo para todo o país, visando à paz.
“Proponho que trabalhemos seriamente em um cessar-fogo, que parem de se matar e que paremos de nos matar”, declarou o presidente durante uma reunião de organizações camponesas no departamento de Nariño, na costa do Pacífico.
Primeiro presidente de esquerda na Colômbia, Petro promove negociações de paz com o ELN desde o final de 2022, para pôr fim a mais de meio século de conflito armado com esta organização.
O governante já havia proposto um cessar-fogo nacional, sobre o qual não se chegou a qualquer acordo na negociação em curso com o ELN em Havana. Insistiu, então, em que poderia ser "regional", como ponto de partida.
“Podemos começar não com a ideia nacional, como propus em dezembro, complexa, difícil, muito instável, muito perigosa, mas com a ideia territorial, regional, porque, sem dúvida, a paz na Colômbia hoje é, antes de mais nada, uma paz territorial", acrescentou.
- Definição -
Mais cedo, também no sábado, na capital cubana, a delegação do ELN para os diálogos de paz pediu ao presidente Gustavo Petro que defina se considera a negociação "um processo político sério que tem como objetivo 'superar o conflito armado que se arrasta por seis décadas'" no país.
O presidente respondeu que "queremos, sim, dar-lhe esse status político a vocês, mas reconhecendo essas novas realidades da luta violenta na Colômbia". Na sequência, propôs um cessar-fogo regional.
O governo espera chegar a um acordo de cessar-fogo com o ELN antes das eleições regionais de outubro na Colômbia, segundo Otty Patiño, negociador do Executivo.
As negociações ficaram perto de naufragar, porém, devido a um ataque mortal do ELN perto da fronteira com a Venezuela, que deixou dez soldados mortos em março.
Para a suspensão do confronto em nível regional, Petro observou: "Vamos iniciar um cessar-fogo, uma cessar das hostilidades, um processo que comece a dar confiança à sociedade colombiana, que já está descrente por tantos anos e décadas em falar de paz e não fazê-la".
O presidente afirmou que, embora algumas frentes do ELN, por sua "autonomia", estejam próximas da posição do governo de alcançar a paz, há outras, cuja "razão de ser é a economia ilícita", como o narcotráfico. Petro também questionou a liderança dos dirigentes rebeldes.
O ELN reagiu à declaração ontem, considerando que, além de ser "estigmatizante e desrespeitosa", é "um questionamento fundamental do significado político da Mesa de Diálogo e de toda sua arquitetura", iniciada em novembro passado, em Caracas.
Por isso, pediu a Bogotá que defina se a negociação é "um processo político sério".
(P.Tomczyk--DTZ)