Juiz amplia para 8 meses prisão preventiva de principal opositor boliviano
A Justiça da Bolívia ordenou, nesta quarta-feira (26), ampliar de quatro para oito meses a detenção preventiva do governador do departamento de Santa Cruz e principal opositor do governo central, Luis Fernando Camacho, acusado de promover um "golpe de Estado" em 2019.
Após uma audiência que durou horas, o juiz do distrito de La Paz, Helmer Laura, determinou "a ampliação da detenção preventiva do senhor Luis Fernando Camacho, pelo tempo solicitado de mais quatro meses".
Camacho, um empresário de 44 anos, foi detido em 28 de dezembro na cidade de Santa Cruz de la Sierra, reduto da direita no país. Dois dias depois, um juiz determinou sua prisão preventiva e reclusão na penitenciária de segurança máxima de Chonchocoro.
Principal opositor do presidente Luis Arce e líder de Santa Cruz, a região mais populosa e motor econômico do país, Camacho é acusado de promover um suposto golpe de Estado contra o ex-presidente Evo Morales em 2019.
A poucos dias de completar os primeiros quatro meses, o juiz Laura determinou a ampliação da prisão preventiva em resposta a pedidos do Ministério de Governo, da Ministério Público e da Procuradoria-Geral.
Antes de tomar conhecimento da decisão do juiz, Camacho declarou por videoconferência da penitenciária de Chonchocoro que esperava justiça.
As autoridades estão cometendo um crime "ao manter uma pessoa presa ilegalmente", afirmou o político, ao denunciar que a ampliação de sua prisão "tem apenas objetivos políticos".
No fim de 2019, eclodiram protestos violentos contra Morales, promovidos pela oposição de direita, por suspeita de fraude nas eleições de outubro daquele ano.
O presidente de origem indígena, que estava no poder desde 2006, buscava seguir no comando do país até 2025, mas foi forçado a renunciar e deixou o país, primeiro para o México, e depois para a Argentina. Em 2020, Morales retornou à Bolívia após a vitória eleitoral de seu herdeiro político, o atual presidente Luis Arce.
Um relatório de auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) confirmou irregularidades nas eleições presidenciais de 2019.
Morales foi sucedido pela então senadora de direita Jeanine Áñez, condenada a 10 anos de prisão desde junho de 2022 pelo mesmo caso que envolve Camacho.
(P.Hansen--DTZ)