Biden anuncia sua candidatura à reeleição em 2024
"Vamos terminar o trabalho". O democrata Joe Biden, de 80 anos, pediu aos americanos mais quatro anos na Presidência ao anunciar sua candidatura à reeleição em 2024, quando pode se repetir a batalha travada com o republicano Donald Trump em 2020.
Em um vídeo intitulado "Liberdade", Biden afirma que "lutar pela democracia" tem sido seu trabalho no primeiro mandato e volta a pedir a confiança dos eleitores para preservá-la.
"Quando me candidatei à Presidência há quatro anos, disse que estávamos em uma batalha pela alma dos Estados Unidos, e ainda estamos. A pergunta que enfrentamos é se nos próximos anos teremos mais liberdade ou menos liberdade, mais direitos ou menos", afirma Biden no vídeo de três minutos postado no Twitter.
"Sei qual quero que seja a resposta. Este não é um momento para ser complacente. Por isso, me candidato à reeleição", acrescenta.
Ele avalia que "cada geração de americanos enfrentou um momento no qual teve que defender a democracia", as liberdades individuais, o direito ao voto e os direitos civis.
- "É nosso momento" -
"Este é o nosso momento. Vamos terminar o trabalho", diz Biden no vídeo, que começa com uma curta sucessão de imagens do ataque de apoiadores de Trump ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Biden acusa os republicanos mais conservadores, os MAGA (acrônimo do lema trumpista "Make America Great Again", "Fazer os Estados Unidos grandes de novo") de se prepararem "para tomar estas liberdades fundamentais".
Para que não restem dúvidas, ele os retrata no vídeo. Em uma foto, Donald Trump, de 76 anos, seu grande adversário em 2020, aparece com a mão sobre o ombro de Ron DeSantis, governador da Flórida de 44 anos e estrela em ascensão dos ultraconservadores.
Se este último se candidatar à indicação republicana para as presidenciais, como se acredita que fará, qualquer um dos dois poderia disputar o cargo no ano que vem.
"Biden está tão desconectado da realidade que acredita merecer quatro anos mais no poder", denunciou a líder da oposição, Ronna McDaniel.
Os republicanos reagiram à candidatura de Biden com outro vídeo, no qual descrevem o caos que acreditam que reinaria se for eleito: bombas sobre Taiwan, hordas de imigrantes na fronteira com o México, lojas saqueadas...
Mas Biden está acostumado às críticas ácidas da oposição em um país muito dividido, não só politicamente mas sobre temas raciais, as armas de fogo, o direito ao aborto ou a migração.
- Ameaça republicana -
Na peça também aparece sua vice-presidente, Kamala Harris, que voltará a ser sua companheira de chapa, e a primeira-dama Jill Biden, uma pessoa-chave na vida do presidente, muito apegado à família.
Já seu filho, Hunter, não aparece. Ele é acusado pelos republicanos de ter feito negócios nebulosos na Ucrânia, o que poderia dar a Biden algum desgosto durante a campanha, que será chefiada por uma latina, Julie Chávez Rodríguez, neta do líder sindical e ativista dos direitos civis de origem mexicana César Chávez.
Aparecem afro-americanos, comunidade que o apoiou nas eleições de 2020, e membros da classe média, coluna vertebral de seu discurso e alvo de suas últimas reformas - estes trabalhadores "esquecidos" pela globalização, a quem ele quer devolver o protagonismo.
Biden, que tende a ver o copo meio cheio, se lança em uma campanha extenuante que terá que administrar junto com o trabalho de presidente, já por si exaustivo. E o fará com 80 anos.
- A favor e contra -
Em seu partido, Biden não tem adversários de peso. Por enquanto, só se apresentaram como pré-candidatos a escritora Marianne Williamson e o sobrinho de "JFK", Robert Kennedy Junior, ambos com poucas chances.
Mas, ele tem um obstáculo frente ao qual nada pode fazer: sua idade. Se for reeleito, encerraria o mandato com 86 anos, algo inédito na história dos Estados Unidos.
Os dois check-ups médicos a que se submeteu durante sua Presidência dizem que ele está em forma e apto para exercer seu trabalho, mas ele sabe que sua idade traz problemas, e por isso aparece correndo por alguns segundos no vídeo.
Conta a seu favor uma experiência política talhada durante décadas como senador, dois mandatos como vice-presidente de Barack Obama e agora como presidente, além de sucessos inegáveis como a aprovação de investimentos gigantescos em infraestruturas, indústrias de ponta e transição energética. Na política externa, também lidera a coalizão ocidental que apoia a Ucrânia, invadida pela Rússia.
Há duas manchas que os republicanos lembrarão mais de uma vez: a retirada do Afeganistão, que muitos consideram caótica, e a inflação elevada, embora nos últimos meses pareça moderar-se.
E muitos problemas que o país arrasta há décadas, como as regras para o uso de armas de fogo e as centenas de milhares de imigrantes que tentam entrar no país pela fronteira com o México em busca de uma vida melhor.
(V.Sørensen--DTZ)