Raab, vice-primeiro-ministro britânico, renuncia acusado de assédio moral
O vice-primeiro-ministro britânico, Dominic Raab, anunciou sua renúncia nesta sexta-feira (21), depois que um relatório independente determinou que ele cometeu assédio moral contra funcionários, um revés para o primeiro-ministro Rishi Sunak, de quem era um aliado próximo.
"Escrevo para renunciar ao seu governo", escreveu Raab, que também foi ministro da Justiça, em uma carta a Sunak publicada no Twitter.
"Pedi esta investigação e prometi renunciar se apurasse fatos de assédio, quaisquer que fossem. Acho importante respeitar minha palavra", acrescentou.
A investigação começou após oito denúncias sobre seu comportamento quando foi ministro das Relações Exteriores e ministro do Brexit, assim como durante uma passagem anterior pelo Ministério da Justiça.
Raab sempre negou essas acusações, que atraíram críticas generalizadas da oposição.
O relatório, que foi entregue ao primeiro-ministro na quinta-feira e ainda não foi tornado público, "rejeitou todas as queixas, exceto duas", disse o ministro em sua carta, insistindo que ainda as considera "falsas".
"Ao estabelecer um limite tão baixo para assédio, a investigação estabelece um precedente perigoso" no trabalho do governo, criticou.
"Os ministros devem poder criticar diretamente" o trabalho dos altos funcionários, acrescentou, reconhecendo que "é claro que isso deve ser feito dentro de limites razoáveis".
O jornal The Guardian informou em novembro que a nomeação de Raab como ministro da Justiça causou preocupação entre muitos funcionários, com alguns considerando inclusive pedir demissão.
Segundo este jornal britânico, funcionários do ministério descreveram uma "cultura do medo" em um departamento dirigido por um "tirano", "grosseiro" e "agressivo".
O tablóide The Sun relatou que Raab jogou tomates em um ataque de raiva durante uma reunião, o que seu porta-voz negou na época.
É o terceiro ministro a deixar o Executivo de Sunak após várias acusações e ofusca a promessa do primeiro-ministro conservador de mostrar um pouco mais "integridade, profissionalismo e responsabilidade" após a sucessão de escândalos que marcaram o mandato de Boris Johnson.
Em novembro, Gavin Williamson, ministro sem pasta, renunciou devido a acusações de assédio. Em janeiro, Sunak teve que demitir o presidente do Partido Conservador, Nadhim Zahawi, que fazia parte do governo, por questões fiscais.
O novo escândalo chega em um momento ruim para o partido, duas semanas antes das eleições locais que se anunciam complicadas por alguns conservadores que estão no poder há 13 anos.
(L.Møller--DTZ)