Boeing lança oferta de ações para arrecadar US$ 19 bilhões
A Boeing anunciou,nesta segunda-feira (28), uma oferta de ações no valor de aproximadamente 19 bilhões de dólares (R$ 108,2 bilhões), quantia que será destinada ao pagamento de dívidas e investimentos em suas subsidiárias.
A gigante americana, que na semana passada reportou perdas de cerca de 6,2 bilhões de dólares (R$ 35,3 bilhões) no terceiro trimestre, está sendo afetada por uma greve de 33 mil trabalhadores. Suas duas principais fábricas estão paralisadas desde meados de setembro.
"A Boeing espera utilizar o que for arrecadado para despesas gerais, que podem incluir, entre outros, o pagamento de dívidas, reservas de capital de giro, gastos de capital e investimentos em suas subsidiárias", explicou a empresa em um comunicado.
A oferta envolve a venda de 90 milhões de ações ordinárias, no valor de aproximadamente 13,9 bilhões de dólares (R$ 79,7 bilhões) com base no preço atual de mercado, além de cerca de 5 bilhões (R$ 28,4 bilhões) em certificados de depósito, equivalentes a ações ou frações desses títulos.
Se a demanda pelas ações da Boeing ultrapassar a oferta, a empresa se reserva o direito de emitir 13,5 milhões de ações adicionais e mais 750 milhões de dólares (R$ 4,3 bilhões) em certificados.
- Sob pressão -
A Boeing anunciou nos últimos dias medidas de contenção de custos, incluindo a redução de sua força de trabalho global em 10%, o que representa cerca de 17 mil postos que serão eliminados.
A greve afeta duas fábricas que produzem os modelos 737 MAX e 777. De fato, o movimento paralisa totalmente a produção do 737, seu avião mais vendido, além do 777, 767 e várias aeronaves militares.
Levantar capital no mercado permitirá à Boeing manter seu status perante as agências, após quase ter sua nota de risco rebaixada devido à greve, que está desvalorizando seus ativos, já afetados por dois acidentes que resultaram em 346 mortes em 2018 e 2019 e pela pandemia.
Este montante deve permitir que a Boeing mantenha sua classificação "até o final de 2025 nas circunstâncias atuais", comentou Peter McNally, analista da Third Bridge.
De qualquer forma, "a situação é complexa", ressalta o especialista. Mesmo que a greve termine em breve, as entregas só começarão a contribuir a partir do segundo semestre de 2025.
-Razões da greve -
Os trabalhadores em greve em Seattle, berço da Boeing, rejeitaram duas ofertas de acordo coletivo. A última, apresentada em 23 de outubro, previa um aumento de 35% em quatro anos - o sindicato pede 40% - e um aumento na contribuição da empresa para o plano de aposentadorias.
A proposta da empresa não incluía a restauração do antigo sistema de aposentadorias, que foi suprimido em 2014 e que muitos trabalhadores exigem, mas que a Boeing rejeita.
Em um comunicado separado, a Boeing anunciou um pedido de 10 aeronaves Dreamliner pela companhia aérea chilena Latam, o que representa entre 2,5 bilhões e 3,4 bilhões de dólares (R$ 14,2 bilhões e R$ 19,3 bilhões) a preço de catálogo. O pedido inclui uma opção por cinco aeronaves adicionais.
De acordo com um cálculo da AFP, a Boeing teve perdas de mais de 31 bilhões de dólares (R$ 176,6 bilhões) entre o início de 2020 e o final de setembro de 2024.
(P.Hansen--DTZ)