China confiante em atingir meta de crescimento, mas não revela novas medidas de estímulo
As autoridades chinesas afirmaram, nesta terça-feira (8), que estão "totalmente confiantes" em atingir a meta de crescimento econômico deste ano de cerca de 5%, mas sem revelar novas medidas de estímulo, o que decepcionou os mercados e afundou a Bolsa de Hong Kong.
"Estamos totalmente confiantes em alcançar as metas de desenvolvimento econômico e social para o ano", disse Zheng Shanjie, chefe da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR) da China, em coletiva de imprensa.
"Também temos plena confiança na manutenção de um desenvolvimento estável, saudável e sustentável", acrescentou.
Esta conferência era muito aguardada pelos investidores, que esperavam que fossem anunciadas novas medidas para estimular a economia, dez dias depois de uma primeira salva que fez as bolsas dispararem.
Mas não houve tal anúncio, apesar dos problemas enfrentados pela segunda maior economia do mundo, desde uma crise imobiliária prolongada até o fraco consumo e a dívida pública.
Pequim estabeleceu uma meta de expansão econômica de 5% para este ano, uma previsão que muitos analistas consideraram otimista.
As bolsas de Xangai e Shenzhen abriram nesta terça-feira com aumentos superiores a 10%, antes de perderem dinamismo devido à falta de anúncios.
A Bolsa de Xangai fechou com valorização de 4,6% e a Bolsa de Shenzhen com valorização de 8,9%.
Hong Kong, por outro lado, despencou 9,4% no fechamento, arrastado pela decepção causada pela ausência de novas medidas de estímulo. É a sua maior queda diária desde 2008, no momento da crise financeira mundial.
- Apoio ao setor imobiliário -
As autoridades chinesas anunciaram em setembro um pacote de medidas de estímulo para impulsionar a economia após um período prolongado de fraco crescimento.
Muitas das medidas divulgadas até agora foram dirigidas ao mercado imobiliário, que enfrenta uma prolongada crise de endividamento.
O banco central chinês cortou os juros dos empréstimos de um ano às instituições financeiras, reduziu a contribuição necessária para obter um empréstimo imobiliário e reduziu as taxas hipotecárias.
"No geral, quando olhamos para o desenvolvimento atual e as previsões de desenvolvimento, vemos que os fundamentos do desenvolvimento econômico do nosso país não mudaram", disse Zheng.
Os analistas alertam que são necessárias reformas do sistema econômico para aliviar a crise da dívida no setor imobiliário e impulsionar a demanda interna, a fim de remover os obstáculos ao crescimento.
"A economia chinesa não está em crise e não precisa anunciar um grande pacote de gastos fiscais para o restante de 2024 para ajudar a atingir a meta" de crescimento, disse Shehzad Qazi, diretor do China Beige Book, um think tank da economia do gigante asiático.
"A verdadeira questão é se Pequim anunciará um programa de gastos de várias fases para 2025 e além, que aborde os problemas que impedem a transição para uma economia impulsionada pelo consumo", acrescentou.
(P.Tomczyk--DTZ)