Deutsche Tageszeitung - Nave Starliner da Boeing, uma saga marcada por contratempos

Nave Starliner da Boeing, uma saga marcada por contratempos


Nave Starliner da Boeing, uma saga marcada por contratempos
Nave Starliner da Boeing, uma saga marcada por contratempos / foto: © Satellite image ©2024 Maxar Technologies/AFP

A decisão de transferir a tripulação da Starliner para uma missão da SpaceX devido a problemas de desempenho é a última de uma longa série de contratempos desde os primeiros voos de teste da espaçonave da Boeing.

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Contratempos que causaram anos de atrasos no cronograma inicial e minaram a credibilidade da gigante aeroespacial.

- 2014: Contrato com a Nasa -

Em 2014, a Nasa escolheu duas empresas, a Boeing e a SpaceX, para que cada uma desenvolvesse uma nova espaçonave capaz de transportar seus astronautas para a Estação Espacial Internacional (ISS).

A agência espacial dos EUA solicitou que elas estivessem prontas até 2017 para deixar de depender das espaçonaves russas, que vinham sendo usadas desde a aposentadoria dos ônibus espaciais dos EUA em 2011.

A Boeing ganhou um contrato de 4,2 bilhões de dólares (23,2 bilhões de reais), em comparação com os 2,6 bilhões de dólares (14,3 bilhões de reais) da SpaceX.

Na época, a empresa do bilionário Elon Musk foi considerada a “perdedora” contra a Boeing.

- 2019: erro em um voo de teste -

Em dezembro de 2019, durante um primeiro voo de teste não tripulado, a cápsula não foi colocada na trajetória correta e retornou à Terra prematuramente após dois dias, não conseguindo se acoplar à ISS.

A falha ocorreu porque a espaçonave não sabia que horas eram por causa de um erro em seu relógio interno, que estava onze horas atrasado. Isso impediu a cápsula de disparar os propulsores no horário programado.

A Nasa então percebeu que outro problema no computador poderia ter causado uma colisão catastrófica. Ela deu ao fabricante uma longa lista de recomendações e modificações a serem feitas.

- 2021: falsa esperança -

Em agosto de 2021, quando o foguete já estava na plataforma de lançamento para outra tentativa de voo, um problema de umidade causou uma reação química que bloqueou a abertura de algumas das válvulas da cápsula.

Como resultado, ela retornou à fábrica para vários meses de inspeção.

Nesse meio tempo, a SpaceX transportou astronautas para a ISS (a partir de 2020).

- 2022: primeiro sucesso -

Em maio de 2022, a Starliner concluiu seu primeiro voo de teste não tripulado.

Apesar de alguns contratempos, como um problema com o sistema de propulsão, a espaçonave decolou, chegou à ISS, onde permaneceu atracada por vários dias, e pousou em seu retorno em um deserto nos Estados Unidos.

- 2023: novo atraso -

Em 2023, foram revelados outros problemas que atrasaram os preparativos para o primeiro voo tripulado.

Um deles foi causado pelo projeto dos paraquedas que desaceleram a cápsula em seu retorno à atmosfera. Ele foi modificado e novos testes foram realizados.

O outro foi ainda mais surpreendente: a fita adesiva usada para envolver vários metros de cabos elétricos dentro da cápsula revelou-se inflamável e teve de ser removida.

- 2024: primeiro voo tripulado de curta duração -

No início de junho de 2024, chegou o grande dia: a cápsula decolou com seus dois primeiros astronautas em uma missão de teste final para provar que a Starliner era segura e, em seguida, iniciou as operações.

Mas durante o voo, descobriu-se um vazamento de hélio, um gás usado para criar pressão no sistema de propulsão.

Vários propulsores falharam antes de a cápsula se acoplar à ISS, embora todos tenham se reacendido, com exceção de um.

Esses problemas levaram a Nasa a temer que a cápsula não conseguisse atingir o impulso necessário para retornar à Terra.

Assim, a agência espacial tomou uma decisão radical: transferir os dois astronautas para uma missão da SpaceX e fazer com que a Starliner retornasse vazia.

A análise do voo determinará quais medidas serão tomadas a partir de agora.

O programa já custou à Boeing 1,6 bilhão de dólares (8,84 bilhões de reais) a mais do que o planejado.

(N.Loginovsky--DTZ)