Deutsche Tageszeitung - Médicos de Gaza salvam bebê por meio de cesárea

Médicos de Gaza salvam bebê por meio de cesárea


Médicos de Gaza salvam bebê por meio de cesárea
Médicos de Gaza salvam bebê por meio de cesárea / foto: © AFP

Médicos palestinos conseguiram salvar um bebê realizando uma cesárea de emergência em sua mãe, que chegou morrendo a um hospital de campanha na Faixa de Gaza, devastada pela guerra com Israel.

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Sabreen al Sakani chegou ao serviço de emergência com ferimentos graves na cabeça e na barriga após um bombardeio israelense que atingiu a casa de sua família em Rafah, no sul da Faixa, disseram testemunhas à AFP.

"Foi um milagre ela estar viva, apesar das dificuldades respiratórias", explicou Sahib al Hams, cirurgião e diretor do Hospital do Kuwait, também em Rafah.

Ao examiná-la, os médicos perceberam que ela estava grávida e decidiram realizar imediatamente uma cesárea.

"A mãe morreu dez minutos depois", disse o doutor Al Hams, acrescentando que o pai e a irmã mais velha do bebê também morreram.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 19 pessoas morreram neste bombardeio.

O bebê foi transferido sem demora para a unidade pediátrica do hospital de campanha dos Emirados.

"Nós a colocamos rapidamente em uma incubadora, demos oxigênio e antibióticos", explicou Haidar Abu Snimeh, responsável por esta estrutura criada em dezembro de 2023 diante da crise humanitária sofrida pelo enclave palestino pela guerra.

O hospital informou nesta terça-feira que o bebê estava em condição estável. Segundo a mídia local, pesa menos de dois quilos e sua mãe estava no sétimo mês de gestação.

- "É uma façanha que tenha nascido viva" -

A mídia também indicou que a menina será acolhida pelo tio.

"É uma façanha que a menina tenha nascido viva, apesar das circunstâncias", disse o doutor Abu Snimeh, que explicou que quando uma mulher grávida não consegue respirar, o feto carece de oxigênio.

Imagens do parto foram amplamente compartilhadas nas redes sociais na segunda-feira. Foram filmadas por jornalistas palestinos, uma vez que as autoridades israelenses não autorizaram a entrada da imprensa internacional na Faixa de Gaza desde o início da sua ofensiva militar massiva, há mais de seis meses.

Desde o início da guerra, foram registrados alguns nascimentos semelhantes no pequeno enclave palestino. Em 21 de outubro, Mecca Abu Chamalah nasceu de uma cesárea após a morte de sua mãe, que ficou gravemente ferida em um ataque aéreo contra a sua casa em Rafah.

O rótulo de sua incubadora dizia: "Bebê da mártir Dareen Abu Chamalah".

O conflito começou após o ataque do grupo palestino Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro, no qual combatentes islamistas mataram cerca de 1.170 pessoas e raptaram 250, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre na Faixa de Gaza, governada desde 2007 pelo movimento islamista classificado como organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.

A operação militar já deixou 34.183 mortos, segundo o Ministério da Saúde, no estreito território de cerca de 2,4 milhões de habitantes.

Os bombardeios israelenses deixaram grande parte da Faixa em ruínas.

Segundo a ONU, 1,5 milhão de palestinos, a maioria deles deslocados, estão aglomerados em Rafah, onde sobrevivem sob a ameaça de uma ofensiva militar israelense.

(Y.Leyard--DTZ)