Inflação dos EUA em 12 meses tem alta em fevereiro, mas com viés de baixa
A inflação nos Estados Unidos registrou leve alta em fevereiro em comparação com o mesmo mês do ano passado devido ao aumento dos combustíveis e alimentos, mas manteve sua tendência de baixa registrada desde janeiro, segundo dados oficiais publicados nesta sexta-feira (29).
Segundo o índice PCE divulgado pelo Departamento de Comércio, o preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), os preços ao consumidor aumentaram 2,5% em fevereiro em 12 meses, contra 2,4% em janeiro.
Porém, na estimativa mensal, desaceleraram em fevereiro em comparação com janeiro: 0,3% contra 0,4%.
Esses indicadores estavam em linha com as expectativas do mercado e os analistas, que previram os números com precisão, segundo o consenso recolhido pela empresa especializada MarketWatch.
Por outro lado, a chamada inflação básica, que exclui os preços de alimentos e energia, está caindo tanto no registro mensal quanto em 12 meses.
Em fevereiro, o índice PCE subjacente caiu para 0,3%, enquanto em janeiro foi de 0,5%. Já na estimativa anual, caiu para 2,8%, contra 2,9% do mês anterior.
- Meta ainda distante -
O Fed quer a inflação diminua para 2%, uma meta de longo prazo que prevê alcançar em 2026.
Seu nível atual provavelmente gera grande preocupação para a equipe do presidente, o democrata Joe Biden, em um momento em que ele tenta convencer seus compatriotas ainda céticos de que a economia está na direção certa antes das eleições de novembro, nas quais tentará se reeleger frente ao republicano Donald Trump.
"Isso deveria ser suficiente para dar confiança ao Federal Reserve para começar a eliminar parte do endurecimento de suas políticas no fim deste ano, embora a resiliência da economia real signifique que os responsáveis pelas políticas não têm pressa", acrescentou.
Os dados recentes levaram alguns funcionários do Fed a questionarem a decisão recente das autoridades de realizar este ano três cortes das taxas básicas de juros.
"Na minha opinião, é apropriado reduzir o número total de reduções dos juros ou adiá-las mais no futuro", disse o governador do Fed Christopher Waller, em uma conferência na quarta-feira em Nova York.
"A rigidez dos registros da inflação básica e de serviços em janeiro e fevereiro justifica que ultimamente os funcionários do Fed estejam menos moderados" em suas decisões, escreveu a economista-chefe da empresa Nationwide, Kathy Bostjancic, em nota aos investidores.
"Isso apoia nossa opinião de que o Fed vai esperar ao menos até junho para iniciar os cortes dos juros", acrescentou.
Os operadores do mercado futuro acreditam atualmente em uma probabilidade levemente inferior a 65% de que o Fed comece estas reduções em meados de junho, segundo pesquisas do CME Group.
(L.Svenson--DTZ)