Deutsche Tageszeitung - Deputados franceses aprovam projeto de lei contra 'discriminação capilar'

Deputados franceses aprovam projeto de lei contra 'discriminação capilar'


Deputados franceses aprovam projeto de lei contra 'discriminação capilar'
Deputados franceses aprovam projeto de lei contra 'discriminação capilar' / foto: © AFP/Arquivos

O Parlamento da França aprovou nesta quinta-feira em primeiro turno um projeto de lei contra a "discriminação capilar", em particular no local de trabalho, apesar das críticas de alguns analistas sobre a utilidade da iniciativa.

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Promovido por Olivier Serva, deputado independente pelo departamento francês de ultramar de Guadalupe, o texto pretende acrescentar "o corte, a cor, o comprimento ou a textura do cabelo" à lista de discriminações que podem ser punidas por lei.

O texto, que foi aprovado por 44 votos a favor e dois contrários, deve ser debatido agora no Senado, onde o resultado da votação é incerto.

"Na França, a discriminação baseada na aparência física já é sancionada, na teoria", declarou Serva. "Mas há uma lacuna entre a teoria e a realidade", destacou.

O deputado mencionou "as mulheres negras que se veem obrigadas a alisar o cabelo" antes de uma entrevista de emprego, "as pessoas ruivas, vítimas de muitos preconceitos negativos" e os "homens calvos".

Leis similares existem em quase 20 estados dos Estados Unidos, que identificaram a discriminação capilar como uma expressão de racismo.

No Reino Unido, a Comissão para a Igualdade e os Direitos Humanos publicou diretrizes contra a discriminação capilar nas escolas.

Serva mencionou um estudo norte-americano que mostra que 25% das mulheres negras entrevistadas afirmaram que perderam vagas em processos seletivos devido à forma como usavam o cabelo nas entrevistas de emprego.

Este tipo de estatística é difícil de encontrar na França, que proíbe a compilação de dados pessoais que mencionem a raça ou a origem étnica de uma pessoa com base nos princípios "universalistas" da República Francesa.

O projeto de lei não contém, de fato, o termo "racismo", observou Daphné Bedinade, antropóloga social. Ela destacou que a omissão é problemática.

"Fazer que isto trate apenas de discriminação pelo cabelo é mascarar os problemas das pessoas cujo cabelo as tornam objeto de discriminação, em sua maioria mulheres negras", declarou ao jornal Le Monde.

Para a ministra da Igualdade de Gênero, Aurore Bergé, o texto tem o "mérito de evidenciar este tipo de discriminação", embora a lei "já nos permita lutar" contra ela.

Alguns críticos do texto o consideram desnecessário porque a discriminação baseada na aparência física já é proibida por lei. "Não há nenhuma brecha legal", disse Eric Rocheblave, advogado especializado em direito trabalhista.

(V.Sørensen--DTZ)