Inflação marca 0,83% em fevereiro, acima do esperado
O Brasil teve uma inflação de 0,83% em fevereiro, superior ao registro mensal de janeiro e acima do esperado pelo mercado, impulsionado pelos aumentos de preços na Educação, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (12).
"A inflação do país acelerou em fevereiro" em relação ao primeiro mês do ano, quando ficou acima dos 0,42% mensais, indica o relatório.
Cerca de 40 consultorias e instituições financeiras, consultadas pelo jornal econômico Valor, esperavam para fevereiro uma inflação de 0,78%, abaixo do registro divulgado nesta terça-feira.
Com o avanço de fevereiro, a inflação acumulada em 12 meses permaneceu em 4,50%, acima da meta oficial de 3% para 2024, mas ainda dentro da meta do Banco Central do Brasil (BCB).
Os preços são um indicador-chave para a definição da política monetária do BCB.
Perante um processo de "desinflação", o BCB reduziu a Selic de um máximo de 13,75% em agosto de 2023 para os atuais 11,25%.
O BCB optou por aumentar as taxas para combater a inflação. As taxas altas tornam o crédito mais caro e, assim, desencorajam o consumo e o investimento, o que contribui para diminuir as pressões sobre os preços.
O atual nível das taxas de juros não satisfaz o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou em entrevista divulgada na segunda-feira que "não existe nenhuma explicação econômica. Não existe nenhuma explicação inflacionária (…) em manter essa taxa".
O presidente, que pretende impulsionar a economia barateando os créditos e aumentando assim o consumo, voltou a insistir na aceleração da redução das taxas e culpou o BCB por causar um "atraso do crescimento econômico".
A inflação de fevereiro foi impulsionada principalmente pela Educação (4,98%), detalha o relatório do IBGE.
"Esse resultado se deve aos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo", explicou o gerente da pesquisa, André Almeida, em nota.
Além disso, Alimentação e Bebidas (0,95%) e Transportes (0,72%) subiram devido ao aumento dos combustíveis.
Na contramão de relatórios anteriores, as passagens aéreas caíram de preço (-10,71%) em fevereiro.
O mercado espera uma inflação de 3,77% em 2024, segundo a pesquisa Focus divulgada também nesta terça-feira pelo BCB.
O Comitê de Política Monetária do BCB (Copom) indicou em sua última reunião em janeiro que continuará reduzindo o preço do dinheiro em sua próxima reunião, na semana que vem.
(V.Korablyov--DTZ)