Deutsche Tageszeitung - Irlanda rejeita modernizar papel da mulher na Constituição em referendo

Irlanda rejeita modernizar papel da mulher na Constituição em referendo


Irlanda rejeita modernizar papel da mulher na Constituição em referendo
Irlanda rejeita modernizar papel da mulher na Constituição em referendo / foto: © AFP

O referendo organizado na Irlanda para modernizar o conceito de família e as referências ao papel da mulher na Constituição foi rejeitado, anunciou este sábado (9) o governo que impulsionou a fracassada reforma em um país onde a Igreja Católica impôs por muito tempo seu dogma.

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Quase 3,5 milhões de irlandeses votaram na sexta-feira, no Dia Internacional da Mulher, para emendar dois trechos da Constituição sobre a definição de família e o papel da mulher na sociedade.

A primeira pergunta da consulta popular propôs ampliar o conceito de família para além da base do casamento, incluindo as "relações duradouras", como casais não casados e seus filhos.

A segunda pergunta propôs eliminar uma referência antiquada sobre o papel das mulheres no âmbito doméstico, que afirma que elas devem cumprir "suas obrigações" em casa.

A reforma propôs substituir essa formulação por uma disposição que teria estendido a todos os membros de uma família a responsabilidade de cuidar uns dos outros.

"Acredito que, a esta altura, está claro que as emendas (...) foram rejeitadas", declarou em uma coletiva de imprensa o primeiro-ministro, Leo Varadkar, e acrescentou que seu governo, uma coalizão de centro-direita, "aceita o resultado e o respeitará plenamente".

"Foi nossa responsabilidade convencer a maioria das pessoas a votar 'sim' e não conseguimos", acrescentou o chefe do Executivo antes da publicação oficial dos resultados.

As primeiras contagens publicadas por volta do meio-dia local (9h em Brasília) já indicavam uma tendência clara de que a rejeição prevaleceria nas urnas.

Além do governo, os principais partidos políticos apoiaram o "sim" para ambas as perguntas, mas a formulação usada para a consulta foi muito criticada neste país-membro da União Europeia, onde a influência da Igreja Católica foi reduzida, mas ainda há setores muito conservadores.

Segundo estimativas publicadas pela imprensa irlandesa, a participação no referendo realizado na sexta-feira não ultrapassou os 50%.

- "Uma ampla derrota" -

Varadkar afirmou em sua declaração que o "sim" sofreu "uma ampla derrota" no referendo e afirmou que a participação foi "respeitável".

"Acredito que tivemos dificuldade em convencer as pessoas da necessidade indispensável ou da necessidade em geral de realizar o referendo, sem mencionar a redação. Obviamente, é algo sobre o qual teremos que refletir nas próximas semanas e meses", acrescentou o político.

As duas emendas referem-se ao artigo 41 da Constituição, mas os opositores a essas mudanças criticaram que as formulações eram vagas, especialmente na segunda pergunta, e também rejeitaram a supressão das palavras "mulher" e "mãe" do texto.

Personalidades próximas à extrema direita levantaram que as emendas representavam uma ameaça, pois poderiam incentivar relacionamentos poligâmicos ou a reunificação familiar para imigrantes.

Antes da votação, o primeiro-ministro declarou que uma vitória do "não" seria "um retrocesso" para o país.

(W.Uljanov--DTZ)