Deutsche Tageszeitung - Entidades financeiras da França são denunciadas por apoiar desmatamento no Brasil

Entidades financeiras da França são denunciadas por apoiar desmatamento no Brasil


Entidades financeiras da França são denunciadas por apoiar desmatamento no Brasil
Entidades financeiras da França são denunciadas por apoiar desmatamento no Brasil / foto: © AFP/Arquivos

A associação Sherpa apresentou uma denúncia, nesta quarta-feira (8), contra as entidades financeiras francesas BNP Paribas, Credit Agricole, BPCE e Axa por "lavagem de dinheiro e receptação", acusando-as de apoiar empresas responsáveis por "desmatamento ilegal no Brasil", confirmou à AFP o Ministério Público Nacional Financeiro (PNF).

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Entre 2013 e 2021, estes quatro grupos fizeram investimentos de cerca de 70 milhões de dólares (aproximadamente R$ 390 milhões) na JBS e na Marfrig, empresas "com antecedentes provados de desmatamento ilegal, apropriação de terras de povos indígenas e trabalho forçado em suas cadeias de abastecimento de carne bovina", explicou a associação em um comunicado.

A organização Sherpa assegura contar com o apoio da Harvest, do Center for Climate Crime Analysis, da Repórter Brasil e da Transparência Internacional.

Segundo a análise da associação, o fato de estas empresas poderem ter recebido lucro com dinheiro procedente de atividade ilegal e poderem ter colaborado no investimento destes recursos constitui um descumprimento de sua obrigação na luta contra a lavagem de dinheiro.

A Axa afirmou à AFP que o grupo "tem uma das políticas mais estritas" nos temas ambiental e de direitos humanos "e respeita as leis e normas internacionais vigentes".

Segundo a Sherpa, embora esta denúncia seja uma "novidade" para os bancos, chega em um momento de aumento do número de litígios relacionados com a preservação do planeta.

No começo do ano, a BNP Paribas foi alvo de uma denúncia sobre o mesmo tema no tribunal judicial de Paris, mas com base no fundamento do dever de vigilância.

A lei obriga as multinacionais sediadas na França a elaborar um plano que "inclua medidas de devida diligência razoáveis para identificar riscos e prevenir graves danos contra os direitos humanos e as liberdades fundamentais, a saúde e a segurança das pessoas e do meio ambiente, derivados das atividades da empresa e das empresas que controla" na França e no exterior.

Esta lei de 2017 ainda não levou a nenhuma condenação e, segundo alguns, tem lacunas que comprometem sua verdadeira eficácia.

(L.Møller--DTZ)