Argentina propõe 'atualizar' acordo Mercosul-UE
O chanceler argentino, Santiago Cafiero, propôs "atualizar" o acordo firmado entre o Mercosul e a União Europeia, que "não responde ao cenário internacional atual", ao abrir uma reunião com os seus contrapartes do bloco sul-americano, nesta segunda-feira (3), em Puerto Iguazú (Argentina).
O ministro, cujo país ocupa até terça-feira a presidência pró-tempore do bloco, do qual também fazem parte Brasil, Paraguai e Uruguai, também defendeu relações mais equilibradas com a União Europeia durante as negociações, em meio a tensões pelo endurecimento das demandas ambientais de Bruxelas.
Cafiero sustentou que Buenos Aires "compartilha o objetivo de avançar com o acordo Mercosul-UE", tema que dominará as conversas da cúpula entre os chefes de Estado do grupo na terça-feira.
"O aprofundamento do vínculo entre (os blocos) é uma política necessária em um contexto internacional de crescente conflito e incertezas", afirmou Cafiero.
Mas para que "o acordo tenha bons resultados para as duas partes, é necessário trabalhar e atualizar os textos de 2019", prosseguiu.
"Tal como foi fechado, (o texto) reflete um esforço desigual entre blocos assimétricos e não responde ao cenário internacional atual", acrescentou o chanceler argentino.
A UE e o Mercosul tentam concretizar um tratado de livre comércio após alcançarem um acordo de princípios em 2019, depois de mais de duas décadas de duras negociações, sem que ainda tenha sido ratificado.
A resistência dos setores agrícolas de alguns países europeus e, nos últimos anos, a preocupação com as políticas ambientais do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022) paralisaram o avanço dos diálogos.
A volta de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência deu novo impulso ao diálogo, mas as exigências ambientais dos europeus, contidas em um documento adicional ao acordo apresentado em março pela UE, diminuiu o entusiasmo em relação a uma conclusão rápida do arranjo.
Espera-se que o tema esteja sobre a mesa quando Lula se reunir, na terça, com seus colegas argentino, Alberto Fernández, uruguaio, Luis Lacalle Pou, e paraguaio, Mario Abdo.
Poucos esperam que o encontro, realizado perto da tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, alcance um consenso sobre como responder às demandas europeias relativas à proteção ambiental.
O bloco retomará, ainda, os trabalhos - suspensos desde 2019 - para a adesão da Bolívia como membro pleno do grupo, que atualmente abrange 62% da população sul-americana e 67% de seu PIB.
Ao final da cúpula, Lula assumirá a presidência pró-tempore do Mercosul até o fim do ano.
(L.Møller--DTZ)