Deutsche Tageszeitung - Ministra francesa da Cultura critica 'wokismo, política de censura'

Ministra francesa da Cultura critica 'wokismo, política de censura'


Ministra francesa da Cultura critica 'wokismo, política de censura'
Ministra francesa da Cultura critica 'wokismo, política de censura' / foto: © AFP/Arquivos

A nova ministra francesa da Cultura, Rachida Dati, afirmou nesta terça-feira (6) que "o wokismo se tornou uma política de censura" e prometeu que "não apoiará" aqueles que promovem a "desconstrução".

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"Sou a favor da liberdade de arte e de criação, não sou a favor da censura", declarou à emissora CNews-Europe 1.

"Wokismo", ou "movimento woke", é um termo inglês surgido nos Estados Unidos, ligado à luta contra a segregação racial e se refere ao "despertar", ou "tomada de consciência" ("to wake") de qualquer pessoa que descubra e assuma as reivindicações contra qualquer tipo de discriminação.

Na última década, o movimento woke assumiu muitos outros objetivos, como a luta anticolonial, de gênero, contra a mudança climática, entre outros.

Ex-ministra e de direita, Dati foi nomeada no início de janeiro pelo presidente Emmanuel Macron, em um ambiente tenso na cultura francesa, devido à proliferação de denúncias sobre casos de assédio sexual no setor do entretenimento, de discussões sobre o passado colonial, ou denúncia do auge da extrema direita.

"Sou muito sensível à luta contra as discriminações" realizada por este movimento, mas "considero que o 'wokismo' se tornou uma política de censura", acrescentou a ministra do partido Os Republicanos (LR).

Dati disse que abriu uma discussão interna com funcionários de alto escalão do ministério.

"Vou pedir a eles que monitorem o apoio à liberdade de criação e que não apoiem esses novos censores", afirmou.

"Combater as discriminações, os determinismos sociais, é uma luta. Cultura não é desconstrução, não é apagamento. Não serei alguém que está ao lado dos censores", assegurou.

A França retomou com força esse debate "woke", proveniente dos Estados Unidos, onde a intelectualidade e a maioria dos meios universitários enfrentam uma ofensiva dos políticos e dos veículos de comunicação conservadores, que denunciam o que consideram uma "cultura do cancelamento", na qual qualquer personalidade é submetida ao escrutínio ideológico, ou social.

A esquerda intelectual considera, por sua vez, que essa tomada de consciência tem permitido desmascarar comportamentos racistas, ou sexistas.

(M.Dorokhin--DTZ)