Atropelamento em mercado natalino na Alemanha deixa 2 mortos e dezenas de feridos
Um motorista avançou com seu veículo contra uma multidão em um mercado de Natal nesta sexta-feira (20) na cidade de Magdeburgo, no norte da Alemanha, deixando dois mortos e quase 70 feridos, indicaram as autoridades, que prenderam um saudita como suspeito de atentado.
Ocorrido em um momento de campanha eleitoral na Alemanha, o ataque em Magdeburgo se assemelha a outro de oito anos atrás reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI) em um mercado natalino em Berlim, no qual morreram 12 pessoas.
O suspeito é um médico de 50 anos, originário da Arábia Saudita, que chegou à Alemanha em 2006. Ele trabalhava no estado federado de Saxônia-Anhalt, do qual Magdeburgo é a capital, situada a cerca de 160 quilômetros de Berlim.
O homem, identificado pela imprensa local como Taleb A., agiu sozinho, disse o chefe do governo estadual, Reiner Haseloff, que viu no ataque uma "sincronização temporal" deliberada por motivos "políticos" em face das eleições legislativas antecipadas de 23 de fevereiro.
No entanto, as motivações do suspeito não estão claras. Ele não estava fichado pela polícia como islamista e, segundo a imprensa alemã, chegou a publicar opiniões nas redes sociais denunciando o perigo da islamização.
O veículo avançou contra a multidão "por pelo menos 400 metros através do mercado de Natal", disse à AFP um porta-voz da polícia da cidade de 250 mil habitantes.
Os dois mortos são uma criança e um adulto. Segundo o balanço provisório do município, 68 pessoas ficaram feridas, 15 delas com gravidade.
- 'Atingido e arrastado' -
Ao volante de uma SUV preta, o agressor derrubou as barreiras de segurança e dirigiu fazendo zigue-zague no interior do recinto, segundo depoimentos recolhidos pelo site de notícias local Volksstimme.
Nadine, de 32 anos, passeava de braços dados com seu namorado Marco pelo mercado quando tudo aconteceu. "Ele foi arrastado, arrancado de mim, foi horrível", disse. "Ninguém gritou, não ouvimos o veículo", explicou ela ao jornal Bild.
O Ministério de Relações Exteriores da Arábia Saudita condenou o ataque e expressou sua "rejeição à violência", além de oferecer "sua solidariedade ao povo alemão e às famílias das vítimas".
Jornalistas da AFP em Magdeburgo observaram muitas ambulâncias e caminhões de bombeiros no local, em um vai-e-vem incessante de veículos de emergência que removiam os feridos.
Está previsto que o chefe de governo alemão, Olaf Scholz, visite o local neste sábado. Em uma mensagem publicada pouco depois do ocorrido, o chanceler social-democrata afirmou que o incidente "suscita os piores temores".
A extrema direita, em ascensão na Alemanha, assim como em outros países europeus, não demorou a reagir e a relançar o debate sobre segurança e imigração.
"Quando esta loucura vai acabar?", escreveu na rede social X Alice Weidel, do partido Alternativa para Alemanha (AfD), que aparece em segundo lugar nas pesquisas eleitorais.
- Redobrar a vigilância -
A ministra do Interior, Nancy Faeser, pediu recentemente um aumento da vigilância durante os mercados natalinos, mas sem mencionar ameaças concretas.
O serviço de inteligência advertiu que esses locais eram um "alvo ideologicamente apropriado para pessoas motivadas pelo islamismo político".
Nos últimos meses, vários atentados e projetos de atentados islamistas chocaram o país.
No fim de agosto, um cidadão sírio matou três pessoas e feriu várias outras com uma faca em uma festividade em Solingen, no oeste do país. O EI reivindicou a autoria desta ação.
Dois meses antes, um afegão matou a facadas um policial que tentou impedir seu ataque contra os participantes de uma concentração anti-islã em Mannheim, no sudoeste.
Em setembro, as forças de segurança desarticularam dois ataques contra soldados alemães na Baviera e outro contra o consulado-geral de Israel em Munique.
Desde o ataque do movimento islamista palestino Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza, as autoridades alemãs redobraram sua vigilância diante da ameaça islamista e do aumento do antissemitismo, como também foi feito em outras partes do mundo.
(L.Barsayjeva--DTZ)