Três policiais assassinados em 'atentado' em área mapuche no sul do Chile
Três policiais foram assassinados na madrugada deste sábado (27) em uma região mapuche no sul do Chile, vítimas de uma emboscada no dia em que o país comemora o aniversário da instituição policial, anunciou o presidente Gabriel Boric.
"Na madrugada, recebemos a grave e dolorosa notícia de um atentado na província de Arauco em que três policiais foram assassinados", informou o presidente, que viajou para a região, em sua conta na rede social X.
Os corpos dos policiais foram encontrados carbonizados dentro de uma viatura em uma estrada no município de Cañete, perto da cidade de Concepción, quase 500 quilômetros ao sul de Santiago.
A área está sob proteção militar devido aos incêndios criminosos que aconteceram na região, atribuídos principalmente a grupos radicais mapuches, o maior grupo étnico chileno, que exige a restituição de terras ancestrais.
O ataque aconteceu na mesma semana em que a justiça declarou Héctor Llaitul, líder da Coordenação Arauco-Malleco (CAM), um dos grupos que reivindicou os ataques incendiários na região, culpado de "usurpação violenta de propriedade, furto e atentado contra as autoridades".
Llaitul pode receber uma pena de até 25 anos de prisão pelos crimes. A sentença será anunciada no dia 7 de maio.
A ministra do Interior e Segurança, Carolina Toá, afirmou que os "bombeiros receberam um alerta sobre um veículo em chamas e, quando chegaram ao local, descobriram que era uma patrulha dos Carabineiros".
"Dentro do veículo, os bombeiros encontraram três funcionários mortos, carbonizados", acrescentou, que também viajou para a região.
O ataque aconteceu no dia em que os Carabineiros, a polícia militar chilena, comemoram o aniversário de 97 anos da instituição.
"Não tenho registro, em minha história de 38 anos de serviço, da morte de um carabineiro, e não apenas de um, mas de três assassinados de forma cruel, no dia do nosso aniversário. Isto não foi coincidência, não foi algo aleatório", afirmou o diretor geral dos Carabineiros, Ricardo Yañez.
Os eventos de comemoração foram cancelados após os assassinatos e o presidente declarou três dias de luto oficial.
"Eu garanto aos chilenos e chilenas que não haverá impunidade e que descobriremos o paradeiro dos autores deste crime terrível", disse Boric, que descreveu os autores dos assassinatos como "terroristas".
Ao lado de Boric, em sinal de unidade institucional, viajam para a cidade de Concepción os comandantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha, além de parlamentares e o presidente da Suprema Corte.
"Aqui não há fissuras. Somos uma força única do Estado do Chile, da sociedade chilena contra estes criminosos, contra estes terroristas que cometeram os assassinatos que deixam todo o país de luto", acrescentou o presidente.
Boric decretou há quase dois anos a militarização da província de Arauco, ao lado de outras cidades da região vizinha de Araucanía, em uma tentativa de conter os frequentes ataques incendiários na região, em particular contra as atividades da indústria florestal.
Algumas comunidades radicais mapuche exigem a restituição de terras que consideram suas por direitos ancestrais. Grupos criminosos dedicados ao roubo de madeira também foram desmantelados na região.
(V.Sørensen--DTZ)