Referendo no Equador foi 'manobra' de pré-campanha eleitoral, diz ex-presidente
O referendo realizado no domingo no Equador foi uma "manipulação grosseira" para respaldar as aspirações do presidente Daniel Noboa para sua reeleição, afirmou o ex-presidente Rafael Correa.
"Isto foi uma manipulação grosseira de Noboa para iniciar sua campanha eleitoral. Tem a obsessão de se reeleger em 2025", disse Correa em contato com a AFP por videoconferência.
O referendo de domingo incluiu 11 perguntas à população. O "sim" defendido pelo governo se impôs em nove delas, enquanto o "não" venceu em duas.
Por isso, Noboa comemorou na terça-feira que "9 a 2 é uma goleada. Quem disser o contrário acho que nunca viu uma partida" de futebol.
Para Correa, o governo pensou a consulta como "uma amostra da popularidade do presidente, quando acreditavam que iam vencer com 80% em todas as perguntas".
Para o ex-presidente, foi "uma clara jogada política irresponsável, demagógica, como pré-campanha para a candidatura presidencial de Daniel Noboa. E o jogo correu muito mal para eles".
Na sua visão, o presidente Noboa "está focado em sua reeleição. Fez esta consulta como uma manobra política irresponsável".
As perguntas do referendo estavam voltadas a elevar as penas para o crime organizado e dar protagonismo às Forças Armadas na guerra que o governo declarou contra o narcotráfico.
Um dos pontos centrais da consulta foi uma emenda pontual da Constituição para permitir a extradição de cidadãos equatorianos ligados a crimes de terrorismo ou contra a humanidade. Essa proposta recebeu o apoio de 65%.
Outra pergunta se referia a uma emenda constitucional que permita o apoio complementar das Forças Armadas à polícia para o enfrentamento do crime organizado, que obteve 73% de apoio.
Contudo, os equatorianos rechaçaram uma emenda para estabelecer contratos de trabalho por hora, uma proposta em que o "não" teve o voto de 69% dos consultados.
O "não" também foi majoritário (com 65%) em uma pergunta sobre o reconhecimento da arbitragem internacional para solucionar controvérsias em matéria de investimento e comércio.
(M.Travkina--DTZ)