Deutsche Tageszeitung - Reforma trabalhista de Milei sofre novo revés na Argentina

Reforma trabalhista de Milei sofre novo revés na Argentina


Reforma trabalhista de Milei sofre novo revés na Argentina
Reforma trabalhista de Milei sofre novo revés na Argentina / foto: © AFP

A Justiça argentina voltou a tomar uma decisão favorável, nesta quinta-feira (4), à suspensão da reforma trabalhista incluída no 'decretaço' do presidente Javier Milei e repudiada pelos sindicatos.

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Além disso, um juiz federal habilitou o tratamento de outros recursos contra o decreto durante o recesso do judiciário.

A decisão da Câmara de Apelações do Trabalho de suspender o capítulo trabalhista do decreto responde a um recurso apresentado pela Central de Trabalhadores e Trabalhadoras da Argentina (CTA), contra o chamado Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), que abrange numerosas normas e matérias.

A "reforma trabalhista viola o direito de greve, habilita a demissão sem justa causa e sem indenização e pretende deixar os sindicatos de pés e mãos atados", escreveu a CTA ao comemorar a decisão.

A sentença se tornou a segunda medida cautelar após a mesma instância ter decidido, um dia antes, a favor de outro recurso contra o DNU apresentado pela principal central sindical da Argentina, a Confederação Geral do Trabalho (CGT).

O DNU, promulgado por Milei em 21 de dezembro, entrou em vigor na última sexta-feira e contempla a modificação de 300 normas, entre outras, nas áreas trabalhista, comercial, industrial, de impostos, financeira, energética e ambiental.

Espera-se que o governo apele destas decisões, que são provisórias até que a validade do DNU seja discutida no Congresso.

- Suspensão do recesso do judiciário -

Enquanto isso, em mais um revés para Milei, um juiz federal suspendeu o recesso judiciário de janeiro para que os magistrados se pronunciem sobre os numerosos recursos apresentados contra o DNU.

"Decido habilitar o recesso judiciário nas presentes atuações", escreveu o juiz federal Enrique Lavié Pico em uma decisão em que determina que todas as ações contra o DNU sejam tratadas pelas "jurisdições competentes".

Até a quarta-feira da semana passada, o jornal Ámbito contava 13 denúncias na justiça em função do mega-decreto, enquanto o Perfil registrava 25 dois dias depois. Uma destas denúncias acusa Milei penalmente de "abuso de autoridade" e "traição à pátria".

Na manhã desta quinta, Milei garantiu à imprensa que é consciente de que grande parte da população sofre com muitas das decisões tomadas pelo governo, mas que "não fazer nada ou fazer o mesmo que vínhamos fazendo seria infinitamente pior".

Apresentado em um contexto de grave crise econômica na Argentina, com uma inflação que supera 160% ao ano e uma pobreza que atinge 40% da população, o mega-decreto de Javier Milei também abre as portas à privatização de empresas públicas e revoga leis de proteção aos consumidores contra aumentos abusivos de preços.

"Eu não quero uma Argentina com 98% de pobres e a metade de indigentes", disse Milei, afirmando que o governo trabalha "duramente para evitar a crise".

"E estamos conseguindo", acrescentou, garantindo que as melhorias serão vistas em 15 anos.

(M.Travkina--DTZ)