Ex-ditador do Suriname diz que aceitará veredito sobre execução de opositores
O ex-presidente do Suriname, Desi Bouterse, afirmou nesta segunda-feira (31) que aceitará o veredito do julgamento de apelação sobre sua condenação anterior pelo assassinato de 15 opositores em 1982.
"Acataremos (...) seja qual for (a decisão), estou preparado", disse o ex-ditador de 77 anos em sua última declaração no processo realizado em um tribunal em Paramaribo. "Estou convencido de que o outro juiz me absolverá em 100%".
Bouterse confia na declaração de inocência, enquanto a acusação pediu 20 anos de prisão para o político, condenado em 2019 à mesma pena pelo assassinato de advogados, jornalistas e empresários em dezembro de 1982, dois anos após assumir o poder após um golpe de Estado.
"Rogo para que o Todo-Poderoso o abençoe com a sabedoria e a coragem necessárias para proferir a sentença final, mesmo que não agrade à pátria-mãe (Países Baixos, do qual o Suriname foi colônia)", acrescentou em seu discurso, que durou uma hora, após a intervenção de seus advogados.
Bouterse tem uma condenação de 11 anos de prisão nos Países Baixos desde 1999 por tráfico de cocaína. Ele nunca cumpriu a pena, pois seu cargo presidencial o protegeu da extradição.
O presidente do tribunal, Dinesh Sewratan, informou que o veredito será anunciado no último trimestre de 2023, pois os juízes entrarão em férias em 15 de agosto até 1º de outubro.
Bouterse disse à imprensa que comparecerá a essa audiência.
Tanto Bouterse quanto seu advogado, Irvin Kanhai, durante a argumentação, acusaram os Países Baixos de apoiar grupos que buscavam derrubá-lo. Segundo eles, a Holanda havia planejado uma invasão do país, e os 15 homens executados estavam preparando um golpe de Estado.
No início do ano, Bouterse admitiu ter ouvido tiros no dia em que os opositores foram assassinados, mas negou ter dado a ordem para executá-los, insistindo que planejava expulsá-los do país.
Bouterse assumiu o poder aos 34 anos, quando era sargento-mor do Exército. Se retirou em 1987 sob pressão internacional, mas retornou ao poder em 1990 após um segundo golpe, desta vez sem derramamento de sangue.
Bouterse deixou o cargo um ano depois. Em seguida, foi eleito presidente em 2010 e ocupou o cargo até 2020.
(V.Sørensen--DTZ)