Deutsche Tageszeitung - 'A fotografia é o espelho da sociedade', afirma Sebastião Salgado após prêmio em Londres

'A fotografia é o espelho da sociedade', afirma Sebastião Salgado após prêmio em Londres


'A fotografia é o espelho da sociedade', afirma Sebastião Salgado após prêmio em Londres
'A fotografia é o espelho da sociedade', afirma Sebastião Salgado após prêmio em Londres / foto: © AFP

O fotógrafo Sebastião Salgado, que apresenta em Londres uma retrospectiva de seus 50 anos de carreira, explicou, em uma entrevista à AFP, que é preciso "conscientizar" as pessoas sobre o desmatamento do planeta.

Alterar tamanho do texto:

"A fotografia é o espelho da sociedade", acrescentou, depois de ser premiado em Londres por sua carreira, resumindo o objetivo que buscou com meio século de trabalho, concentrado nos últimos anos na proteção da natureza.

Salgado apresenta na 'Somerset House' de Londres, a partir desta sexta-feira e até 6 de maio, uma pequena, mas representativa, seleção das centenas de milhares de fotografias de sua carreira.

"É uma seleção. Você nunca fica satisfeito, porque são cerca de 50 fotografias e tão poucas não podem representar 50 anos de carreira. Cada uma representa um momento da minha vida que foi muito importante para mim", disse.

A exposição é consequência do prêmio concedido a ele pela 'World Photography Organisation', com sede em Londres, em reconhecimento à sua carreira, e acompanha outra exposição mais ampla dos 'Sony World Photography Awards' de 2024.

"É o prêmio pelo trabalho de uma vida", afirmou, agradecido, Salgado.

- Mais um prêmio -

Sebastião Salgado adiciona assim mais um prêmio à sua longa carreira, na qual conta, entre muitos outros, com o Prêmio Príncipe das Astúrias das Artes de 1998.

"Um fotógrafo tem o privilégio de estar onde as coisas acontecem. Em uma exposição como esta, as pessoas me dizem que sou um artista e eu digo que não, sou um fotógrafo e é um grande privilégio ser um fotógrafo. Tenho sido um emissário da sociedade da qual faço parte", enfatizou.

Após estudar Economia, Salgado começou a fazer fotografias em 1973 e nunca mais deixou esse mundo.

Em 1998, ao lado da esposa Lelia, fundou o Instituto Terra, em sua luta pelo reflorestamento da Amazônia brasileira e do planeta em geral.

"Perdemos 18,2% da Amazônia. Mas não foram apenas os brasileiros ou outros países dessa região que destruíram isso, foi a nossa sociedade de consumo, por uma terrível necessidade de consumo que temos, de ganância", afirmou.

"Se conseguirmos conscientizar as pessoas de que, juntos, poderíamos fazer as coisas de outra maneira, poderíamos salvar essa grande floresta da qual dependemos para a biodiversidade e também para esta grande reserva cultural que são os povos indígenas que vivem na Amazônia", acrescentou.

- Aquecimento global -

Ao desmatamento progressivo do planeta, somou-se nos últimos anos o aquecimento global e a perda de água, segundo Salgado.

"Há um segundo drama tão importante quanto o aquecimento global, que é a perda de água. O sul da França é um lugar onde sempre choveu e, nos últimos anos, uma grande quantidade de comunidades lá está sendo abastecida no verão por caminhões de água. Isso era algo que acontecia na África e agora está acontecendo na Europa, estamos perdendo água", afirmou.

"Mas o pior com o aquecimento, com a perda de água, é a perda da biodiversidade. Estamos perdendo biodiversidade a uma velocidade terrível. Temos que fazer algo porque senão, daqui a alguns dias, vai ser complicado. As plantas não têm polinização porque não têm insetos. A Alemanha, nos últimos 40 anos, perdeu 70% de sua biodiversidade", indicou.

"É preciso levar a informação, não é que as pessoas sejam más, é que falta informação correta e conscientização das pessoas", acrescentou.

Nesta última etapa da vida, Sebastião Salgado continua a luta pela defesa do meio ambiente sem maiores objetivos profissionais.

"Só me falta morrer agora. Tenho 50 anos de carreira e completei 80 anos. Estou mais perto da morte do que de outra coisa. Uma pessoa vive no máximo 90 anos. Então, não estou longe, mas continuo fotografando, continuo trabalhando, continuo fazendo as coisas da mesma forma", explicou.

"Não tenho nenhuma preocupação nem nenhuma pretensão de como serei lembrado. É minha vida que está nas fotos e nada mais", concluiu o fotógrafo.

(V.Korablyov--DTZ)

Apresentou

Chefe da ONU diz que acordo na COP29 estabelece as 'bases' para seguir construindo

O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou sua preocupação a propósito do acordo de financiamento para o clima, alcançado neste domingo (noite de sábado, 23, em Brasília) na COP29, em Baku, no Azerbaijão, e instou os países a considerá-lo uma "base" sobre a qual construir.

Nações mais vulneráveis à mudança climática protestam na COP29 e pedem mais dinheiro

As delegações de pequenos Estados insulares e países em desenvolvimento se retiraram, neste sábado (23), de uma reunião com a presidência azeri da COP29 em Baku, onde o tempo se esgota para determinar o financiamento que os países ricos devem fornecer para enfrentar o aquecimento global.

Países ricos oferecem US$ 250 bi/ano na COP29, valor insuficiente para nações em desenvolvimento

A presidência azeri da COP29 sugeriu que os países desenvolvidos contribuam com 250 bilhões de dólares (1,4 trilhão de reais) anuais até 2035 para o financiamento climático dos países em desenvolvimento, em um novo projeto de acordo criticado por ONGs e rejeitado por vários países.

Macron elogia em Santiago renovação de acordo entre Chile e UE

No momento em que a França critica um possível tratado de livre-comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, o presidente Emmanuel Macron destacou como exemplo de associação a renovação de um acordo entre o Chile e o bloco europeu.

Alterar tamanho do texto: