Deutsche Tageszeitung - ONGs criticam decisão 'cruel' de talibãs de proibir às afegãs acesso a parque nacional

ONGs criticam decisão 'cruel' de talibãs de proibir às afegãs acesso a parque nacional


ONGs criticam decisão 'cruel' de talibãs de proibir às afegãs acesso a parque nacional
ONGs criticam decisão 'cruel' de talibãs de proibir às afegãs acesso a parque nacional / foto: © AFP/Arquivos

A decisão do regime talibã de proibir o acesso das mulheres afegãs ao parque Band-e-Amir, patrimônio mundial da Unesco e destino turístico das famílias, por seus espetaculares lagos na província de Bamiyan, é "cruel", denunciaram diferentes organizações nesta segunda-feira (28).

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"Não satisfeitos em privar meninas e mulheres da educação, do emprego e da liberdade de movimento, os talibãs também querem tirar delas os parques e os esportes, e agora até a natureza”, criticou a vice-diretora de direitos humanos das mulheres na ONG Human Rights Watch, Heather Barr.

"Passo a passo, os muros se fecham para as mulheres. Cada casa se torna uma prisão", denunciou ela em um comunicado, descrevendo esta decisão como "cruel" e "totalmente deliberada".

O ministro afegão da Propagação da Virtude e Prevenção do Vício, Mohammad Khalid Hanafi, justificou a decisão no sábado, durante uma visita à província de Bamiyan, alegando que o uso do hijab (véu que cobre o corpo e a cabeça) não foi respeitado nos últimos dois anos.

"Temos que tomar medidas graves a partir de hoje" para evitar essa falta de respeito pelo hijab, disse ele.

"As mulheres e as nossas irmãs não poderão mais ir a Band-e-Amir, enquanto não tivermos estabelecido normas (...). O turismo existe, elas podem fazer turismo, mas o turismo não é obrigatório", acrescentou.

Desde que voltou ao poder, em agosto de 2021, os talibãs não pararam de reduzir os direitos das afegãs, que não podem frequentar escolas de ensino médio, nem universidades, tampouco trabalhar para ONGs, ou no funcionalismo público.

"Alguém pode explicar por que essa restrição imposta às mulheres que vão para Band-e-Amir é necessária para cumprir a ‘sharia’ e a cultura afegã?", questiona o enviado especial da ONU para direitos humanos no Afeganistão, Richard Bennett, na rede social X (antigo Twitter).

Após o anúncio da medida, várias afegãs mostraram sua indignação nas redes sociais, publicando imagens de sua visita a este parque.

"Band-e-Amir fala de paz e beleza. Espero que um dia os talibãs encontrem esses conceitos em seu coração vazio", escreveu uma delas no X.

O vale de Bamiyan, um dos principais destinos turísticos do Afeganistão, está localizado no centro do país. Era conhecido pelos budas gigantes que os talibãs destruíram em 2001, mas também pela série de lagos de água azul-turquesa de Band-e-Amir, incluídos no patrimônio mundial da Unesco em 2003.

burs/vk/es/meb/tt/aa

(Y.Leyard--DTZ)

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