Deutsche Tageszeitung - Cúpula no Brasil busca acordo ambicioso para salvar Amazônia

Cúpula no Brasil busca acordo ambicioso para salvar Amazônia


Cúpula no Brasil busca acordo ambicioso para salvar Amazônia
Cúpula no Brasil busca acordo ambicioso para salvar Amazônia / foto: © AFP

Os países da Amazônia concordaram nesta terça-feira (8) sobre a "urgência" de agir para conter a destruição da maior floresta tropical do planeta e mostraram-se dispostos a adotar um ambicioso acordo em uma cúpula liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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A primeira reunião em catorze anos dos oito países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) ocorre nesta terça e quarta-feira na cidade de Belém, no Pará, para discutir estratégias comuns de combate ao desmatamento, crime organizado e desenvolvimento sustentável na floresta.

Os líderes amazônicos concordaram que uma ação conjunta é indispensável, embora tenham enfatizado soluções diferentes.

Lula, anfitrião do encontro, assegurou que haverá um "antes e um depois" dessa cúpula e reafirmou o compromisso do Brasil de erradicar o desmatamento na Amazônia até 2030, região que abriga cerca de 10% da biodiversidade do planeta.

"Nunca foi tão urgente retomar e ampliar a cooperação", afirmou Lula.

"Estamos empenhados em reverter esse quadro" de atividades ilegais na Amazônia, acrescentou o petista, que comemorou a redução de mais de 40% do desmatamento nos primeiros sete meses de seu governo.

Considerada durante anos o pulmão do planeta, a Amazônia está, segundo os cientistas, perto do ponto de não retorno, a partir do qual passará a emitir mais CO2 do que absorve, agravando a mudança climática.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, afirmou em seu discurso que eliminar completamente o desmatamento "não é suficiente" se os grandes emissores de carbono não reduzirem o uso de combustíveis fósseis.

"A solução está em abandonar o carvão, o petróleo e o gás. Essa é a necessidade do Norte, deixar o capital fóssil. Nossa necessidade é proteger a esponja."

Também estão presentes na cúpula os presidentes de Bolívia, Luis Arce; Colômbia, Gustavo Petro; Peru, Dina Boluarte; o primeiro-ministro da Guiana, Mark Phillips, e a vice-presidente venezuelana Delcy Rodríguez, que substituiu o presidente Nicolás Maduro, ausente devido a uma infecção no ouvido.

Equador e Suriname estão representados por ministros.

- 'Declaração de Belém' -

Os acordos da cúpula da OTCA, organização criada em 1995 para preservar a floresta, ficarão concretizados em uma declaração divulgada ao fim das reuniões desta terça-feira.

"Não é apenas uma mensagem política: é um plano de ação detalhado e abrangente para o desenvolvimento sustentável na Amazônia", onde vivem cerca de 50 milhões de pessoas, afirmou Lula.

Belém, que em 2025 receberá a conferência da ONU COP30, amanheceu com uma rígida operação de segurança, com bloqueios ao redor do evento e o maior porta-aviões da América Latina, da Marinha do Brasil, estacionado no porto.

- Divisões em relação ao petróleo -

A declaração dos presidentes será acompanhada por um documento contendo propostas da sociedade civil, que clama por metas mais ambiciosas, como deter o desmatamento para preservar 80% da Amazônia até 2025 e interromper a exploração de petróleo na região.

A postura em relação à exploração de hidrocarbonetos na floresta é uma das "discordâncias", mencionada pelo presidente colombiano em seu discurso.

Se "o que está levando à extinção da humanidade é o uso de petróleo e a floresta poderia nos ajudar a salvar vidas, o que estamos fazendo? Permitindo a exploração de hidrocarbonetos na floresta. Não é uma contradição total?", questionou Petro.

O debate ocorre enquanto o Brasil tem como foco uma nova e polêmica fronteira exploratória da Petrobras próxima ao delta do rio Amazonas, cuja licença foi recentemente negada pelo Ibama, mas que conta com o apoio de Lula.

Os equatorianos decidirão em referendo este mês se suspendem a exploração de petróleo no bloco estratégico ITT, que fica dentro da reserva Yasuní e de onde se extrai 12% dos 466 mil barris diários que o país produz.

- Proteção dos povos indígenas -

Especialistas apontam que a declaração deve incluir compromissos para maior proteção dos territórios indígenas, considerados uma importante barreira contra o desmatamento, devido à forma sustentável com que essas comunidades exploram seus recursos.

Cerca de 1.500 manifestantes, entre eles alguns indígenas, marcharam nesta terça-feira de um parque perto do evento em Belém, exibindo cartazes com mensagens como "Sempre estivemos aqui" e "Amazônia livre do crime", constatou a AFP.

A cúpula também é vista como um teste de liderança da região em questões climáticas e especialmente do Brasil, após o retorno de Lula ao poder, que pôs fim a quatro anos de negacionismo climático de seu antecessor, Jair Bolsonaro.

 

O objetivo será chegar a uma posição comum para apresentar na COP28, que será realizada este ano em Dubai.

(V.Varonivska--DTZ)

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