Brasil precisa investir 0,5% do PIB para atingir metas climáticas, diz Banco Mundial
O Brasil precisa investir 0,5% de seu Produto Interno Bruto (PIB) até 2050 para alcançar suas metas climáticas e de desenvolvimento, conclui um relatório do Banco Mundial publicado nesta quinta-feira (4), que estima que a floresta amazônica pode ser salva.
De acordo com o Relatório sobre Clima e Desenvolvimento, o país pode se tornar “uma potência global de energia limpa e salvar a Amazônia” com um plano de desenvolvimento que produza mais alimentos usando menos terras e melhore a proteção das florestas.
O tempo está se esgotando, já que as crises climáticas poderiam empurrar entre 800.000 e 3 milhões de brasileiros para a pobreza extrema até 2030, adverte Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil, citado em um comunicado.
Zutt considera “crucial que o Brasil acelere seus investimentos rumo a um crescimento resiliente e de baixo carbono”.
O relatório explora como o país pode, ao mesmo tempo, satisfazer seus objetivos de desenvolvimento sustentável e reduzir as emissões para cumprir suas metas, como acabar com o desmatamento ilegal até 2028 ou atingir o desmatamento líquido zero (quando cada hectare desmatado é compensado com reflorestamento) e zero emissões líquidas até 2050.
“Para aproveitar ao máximo seu potencial, o Brasil precisaria de investimentos líquidos de 0,5% de seu PIB anual por ano até 2050”, afirma Zutt.
O Banco Mundial não diferencia quanto deve ser investido por regiões ou estados brasileiros, mas grande parte deve ser destinada à Amazônia, "especialmente para investimentos em uso do solo", detalharam técnicos da organização à AFP.
Segundo o relatório, a floresta amazônica está chegando a “um ponto de inflexão, com consequências potencialmente drásticas para o povo brasileiro, inclusive no que diz respeito à agricultura, ao abastecimento de água em áreas urbanas, à prevenção de inundações e à geração de energia hidrelétrica”.
- A Amazônia pode ser salva -
A organização é otimista: “é possível reverter a situação [da Amazônia] com um plano de desenvolvimento que articule melhor as necessidades da agricultura com a preservação da floresta”.
Desde sua eleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu reverter as políticas ambientais de seu antecessor, Jair Bolsonaro.
Mas o desmatamento na Amazônia brasileira voltou a crescer em março, fechando um dos piores primeiros trimestres de que se tem registro, segundo números oficiais.
Imagens de satélite detectaram 356 km2 de cobertura florestal destruída na parte brasileira da maior floresta tropical do planeta.
Ainda assim, os objetivos ambientais não estão fora do alcance.
O Brasil está, de acordo com o Banco Mundial, em uma "posição privilegiada" pelo fato de que quase metade de seu fornecimento energético, incluindo mais de 80% de sua eletricidade, vem de energias renováveis, em comparação com as médias mundiais, entre 15% e 27%.
Além disso, expandir as energias limpas "não custaria mais que os planos atuais para aumentar a geração de combustíveis fósseis" e recuperaria o investimento com economia de combustível e custos operacionais, diz a organização.
(V.Sørensen--DTZ)